ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO e tendências do horror brasileiro nos anos 2000 |
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Autor | Laura Loguercio Cánepa |
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Resumo Expandido | Encarnação do Demônio (José Mojica Marins, Brasil, 2008, 94 min) foi um filme aguardado por quarenta anos como encerramento da trilogia de Zé do Caixão iniciada nos anos 1960 (com o lançamento de À Meia Noite Levarei sua Alma, em 1964, e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, em 1967). O filme de 2008 teve repercussão de público muito inferior à de seus antecessores, mas parece ter tido um papel decisivo para estabelecer os variados caminhos que o horror cinematográfico brasileiro trilhou desde então. Esta comunicação propõe uma análise de Encarnação do Demônio traçando o mosaico de referências que parece ter moldado a concepção e realização do filme para além dos longas do personagem da década de 1960. Entre essas referências, encontram-se as diferentes tendências de fandom ao redor de Mojica desde os anos 1990; a cultura heavy metal (que viu referências ao personagem até no emblemático álbum Roots, da banda Sepultura, em 1996); a influência das franquias de torture porn sobre o consumo de cinema de horror no Brasil nos anos 2000; os filmes nacionais dedicados ao tratamento espetacularizado da criminalidade (como Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, 2002 e Tropa de Elite, de José Padilha, 2007); a cinefilia voltada ao horror e ao cinema extremo que teve um crescimento significativo com a popularização da internet no Brasil a partir do final dos anos 1990. Encarnação de Demônio foi um filme idealizado por jovens cineastas do período (como Dennison Ramalho, Paulo Sacramento e Kapel Furman), que resgataram o roteiro original escrito nos anos 1960 sobre o jovem serial killer interiorano Zé do Caixão, e reposicionaram esse mesmo vilão em uma favela paulista dos anos 2000, após quarenta anos de prisão na Casa de Detenção do Carandiru – local cuja história dera origem ao documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento, 2003), cuja equipe, em parte, esteve responsável pela concepção de Encarnação do Demônio. A presente proposta é um exercício crítico exploratório que buscará compreender o horror cinematográfico brasileiro no momento de inflexão representado pelo filme de Mojica - momento a partir do qual houve uma articulação entre cineastas, críticos e público, por meio de mostras de filmes, festivais, dossiês jornalísticos e pesquisas acadêmicas voltados à produção brasileira no gênero, possibilitando a constituição de um espaço progressivamente mais relevante na cultura cinematográfica e no cinema nacional. Propomos, assim, uma leitura de Encarnação do Demônio que localize o filme em seu diálogo com o momento histórico, político e cinematográfico do Brasil em 2008, buscando fugir à leitura nostálgica que por vezes caracteriza a discussão sobre a obra de Mojica. |
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Bibliografia | CASTELLANO, Mayka. “Quero ser José Mojica”: o circuito de produção trash independente. Revisra Contracampo n. 21, Niterói, Ago. 2010, pp. 145-159. |