ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Panóptico Invertido: democratizar o audiovisual pela narrativa de rede |
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Autor | Filippo Pitanga Goytacaz Cavalheiro |
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Resumo Expandido | 2020 mudou a todos nós... É até contraditório de se pensar que na era da informática e das redes sociais, quando nunca antes pudemos estar mais conectados, pra além de (quase) quaisquer fronteiras, tenhamos sido quarentenados fisicamente dentro de nossas próprias casas por uma pandemia global. Isso porque o comportamento social diante da virtualização massiva já vinha ficando cada vez mais sedentário e ocioso desde antes da covid-19, e talvez não déssemos o devido valor até pensarmos que realmente poderíamos perder a nossa liberdade material. Diante de um quadro de quarentena e distanciamento social durante a pandemia global, as lives e as câmeras dos dispositivos eletrônicos ligados à internet se tornaram a principal válvula de escape na tentativa de contato com o outro e de se comunicar além de quatro paredes. Para alguns, pode não ter passado de uma virtualização delirante. Para outros, seriam novos meios de acesso e criação de narrativas nas redes, democratizando origens e destinos de olhares plurais que se inseriram no audiovisual. Será que, com isso, seríamos desafiados a inverter o conceito clássico de panóptico, como teorizado por Foucault, voluntariamente, para volvermos todos os olhos para nós mesmos, como única chance de comunicação e emancipação de nossas identidades nas redes? Poderiam todas as câmeras que nos vigiam serem vertidas como reapropriação e democratização de acesso aos meios de criação de novas narrativas e trocas com nossos pares? Propõe-se analisar, com este trabalho, a possibilidade na educação a partir do olhar quarentenado, exemplificando tal proposta com o projeto internacional “Homemade” na Netflix. Composto de forma coletiva e organizado pelo chileno Pablo Larraín, a produção desafiou cineastas do mundo inteiro a repensar as estéticas e formas do fazer fílmico. Eles deram um exemplo de como limitações geográficas e orçamentárias, a despeito do distanciamento social, podem ser trabalhadas com dispositivos eletrônicos ao acesso de muitas pessoas hoje em dia, e que, com muita criatividade, talvez seja possível acessar a produção audiovisual atualmente e construir valores estéticos que dialoguem com o tempo presente, não importa sua origem ou localização. Desde nomes do porte de Naomi Kawase (Japão), Paolo Sorrentino (Itália), Rungano Nyoni (Zâmbia/Inglaterra), Ana Lily Amirpour (Irã/EUA), Ladj Ly (Mali/França), Gurinder Chada (Índia) e Antônio Campos (Brasil/EUA), dentre outros, todos puderam demonstrar como as ferramentas podem ser democratizadas e se tornar acessíveis em termos de linguagem e alcance mundial. Esta proposta se baseia também na experiência vivenciada nestes dois últimos anos, pelo próprio proponente, ministrando cursos sobre “narrativas das redes” na Escola Sesc Uzina na periferia do Rio de Janeiro, como parte do projeto Sesc de Mostra de Artes das Favelas, e como estas mudanças de paradigmas pode ajudar a visibilizar muitos trabalhos que dialogam com essas evoluções correntes no mundo, de modo a aplicar o micro no macro e vice versa. |
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Bibliografia | ELLSWORTH, Elizabeth. Modo de Endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de educação também. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Nunca fomos humano – no rastro do sujeito / organização e tradução Tomaz Tadeu da Silva -- Belo Horizonte: Autêntica, 2001. |