ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Direção de arte e cenografia virtual na TV Cultura |
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Autor | João Paulo Amaral Schlittler |
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Resumo Expandido | Esta apresentação tem como objetivo compartilhar minha experiência como diretor de arte da TV Cultura entre 2011 a 2013, onde trabalhei como gerente de arte da Fundação Padre Anchieta. Este relato pretende trazer para o universo acadêmico, conhecimentos práticos, processos e técnicas que podem enriquecer o ensino e pesquisa em design audiovisual e direção de arte. No caso da TV Cultura, o departamento de arte é responsável por criar, produzir e manter cenários, vinhetas, figurino, objetos de cena e elementos gráficos para programas da grade televisiva, eventos institucionais, assim como dar suporte na criação e produção visual de projetos de outras áreas como: o portal de internet C-mais, a “House “ (agência interna de criação) e o departamento de Captação e Marketing. Como exemplos deste trabalho serão apresentados e discutidos os projetos e a execução da cenografia e videografia dos programas Metropolis e Cultura Livre que tiveram seus cenários, logotipos, vinhetas e figurino totalmente reformulados, assim como exemplos da cenografia virtual dos programas jornalísticos Guia do Trânsito, de Olho no Voto e das chamadas de apresentação antecedendo a exibição de filmes do festival É Tudo Verdade e da Mostra Internacional de Cinema na TV Cultura. Em todos os casos buscaram-se soluções unificadoras da linguagem da arte com o intuito de se obter uma identidade visual adequada ao conteúdo dos programas. Para o programa Metropolis, construiu-se um cenário que incorporou a estrutura do set do programa Roda Viva que ocupava o mesmo estúdio, utilizando-o como elemento visual servindo como fundo de um palco que permite a ocupação de múltiplos ambientes, foram utilizados materiais reciclados na construção, a paleta cromática e as formas do mobiliário deram inspiração visual para a sequência de abertura. Já o programa Cultura Livre, que nasceu como um programa de rádio e busca um público alternativo, ganhou um cenário minimalista que resgata elementos de um estúdio de gravação musical retrô com inspiração nos anos 1960 e 1970, a realização do projeto foi viabilizado com baixo orçamento restaurando-se um estúdio pouco utilizado, a vinheta de abertura recria o estúdio em uma maquete de papelão animada digitalmente. A Cenografia Virtual teve um papel importante na redução de custos na produção de cenários e possibilitou a adoção de inovações tecnológicas nos programas jornalísticos, esta tecnologia permite a modelagem de cenários em software 3D como Autocad ou 3D Max e a interação dos apresentadores em tempo real com o ambiente virtual. A plataforma digital utilizada neste sistema permitiu a exibição dinâmica de dados interativos nos programas Guia do Trânsito e de Olho no Voto. Dois programas da Cultura destinados à exibição de filmes independentes: É Tudo Verdade e Mostra Internacional de Cinema, são apresentados pelos curadores das próprias mostras. Tradicionalmente, para esse tipo de programa, são gravadas “cabeças” (chamadas) em chroma key, que são sobrepostas sobre um fundo gráfico ou ilustração. Neste caso, a cenografia virtual demonstrou ser uma solução interessante, permitindo um ganho na qualidade visual destes programas, que passaram a ter cenários para a apresentação dos filmes sem que houvesse nenhum custo adicional. Dada a carência de uma formação específica no campo da direção de arte no Brasil, egressos de cursos de design e arquitetura têm formado uma parcela significativa dos profissionais que atuam nessa especialização. A base do conhecimento necessária para atuar na área está contemplada no currículo desses cursos, no entanto o aprendizado da linguagem cinematográfica tende a ser obtida informalmente e conhecimentos específicos têm sido adquiridos na prática. A reflexão sobre a práxis neste campo tem o potencial de enriquecer projetos que utilizem novas tecnologias, como cenografia virtual, e estimular a experimentação em linguagem gráfica aplicada ao audiovisual. |
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Bibliografia | CUNHA LIMA, J. Uma história da TV Cultura. São Paulo: Imprensa oficial, 2008 |