ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Viver nas ruínas |
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Autor | Rúbia Mércia de O.Medeiros |
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Resumo Expandido | Coletivamente, os proponentes realizarão uma conversa com temática que remete a questões de um “Viver nas Ruínas”. Essa atividade será realizada com a participação de Anna Lowenhautpt Tsing, professora de antropologia na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, nos Estados Unidos, cujo único livro traduzido no Brasil tem por título “Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno”. A proposta dá prosseguimento ao projeto “Ações de Erodir”, que os grupos de pesquisa LEEA (Laboratório de Estudos e Experimentações em Artes e Audiovisual) e Imago (Laboratório de Estudos de Estética e Imagem) realizam, no formato online, desde agosto de 2020, durante a pandemia. O mote principal desse projeto tem sido a erosão, tomada como um elemento constituinte do presente e pautada pela proposta inicial do químico dinamarquês Paul Crutzen (1), para o qual há uma drástica mudança na relação entre a biosfera e os seres humanos. Essa série de encontros nasceu já movida pela ideia de fazer da erosão uma forma de relação que nos mobilizasse diante das transformações da vida: a erosão é uma parte da Natureza que pulsa e produz impermanências. O projeto acolhe essa ação de desgastar tudo que a ação humana fossilizou, impedindo que as transformações ocorram. Somos os que desejam dunas nômades, sempre em movimento; que as pedras sejam lapidadas pelas ondas do mar; que as chuvas arrebentem os asfaltos que cobrem os rios. Tomando esse impulso, realizamos até agora nove encontros, todos disponibilizados em nosso site: https://www.leea-grupopesquisa.online/acoes-de-erodir. Cada uma a seu modo, as conversas manifestavam o desejo de nos reunirmos e nos situarmos diante das exigências do presente, promovendo convites a pessoas com quem estabelecemos interlocuções. Pensando o processo de conhecimento na sua transversalidade com a vida social, o intuito tem sido também de se mover coletivamente junto a vários saberes e fazeres em curso, que interrogam nossa experiência contemporânea e que nos fornecem ocasiões para agir com as erosões. Para o encontro anual da Socine, concebemos um novo movimento desse projeto, trazendo essa conversa com Anna Tsing. A pesquisadora nos fala do desafio de romper a separação analítica entre natureza e cultura no mundo ocidental e nos chama atenção para a capacidade dos não humanos em responder aos programas dos que desenham a sua própria destruição. E afirma: “Para além desses sonhos de controle humano está o Antropoceno” (TSING, 2019). Em “Viver nas Ruínas”, Tsing fala da Terra perseguida pelo Homem e sobre as pragas inesperadas do Antropoceno. E, nesse sentido, nos indica formas de viver essas ruínas, essas paisagens multiespécies. Lembramos de cinemas indígenas, de cinemas quilombolas, de cinemas de mulheres – esses quase sempre tão sensíveis ao que vem da Terra, dos bichos, das entranhas, das entidades e das fantasmagorias. Como as artes olham para as perturbações do antropoceno? Como elabora em meios aos destroços? Quais são nossas paisagens? Junto conosco, para mediar a conversa/entrevista, chamamos Thiago Cardoso, antropólogo da Universidade Federal do Amazonas, que esteve com Tsing na pesquisa na cátedra Niels Bohr, na Universidade de Aarthus, na Dinamarca, quando Tsing realizou o trabalho interdisciplinar nas áreas de humanidades, ciências naturais e Artes, entre 2013 e 2018, para explorar habitabilidade e paisagens. ------ (1) Paul J. Crutzen, cientista holandês que ganhou o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho de compreensão do buraco de ozônio e que cunhou o termo Antropoceno para descrever a era geológica moldada pela humanidade. Crutzen cunhou o termo em um artigo para a Nature em 2002 . O autor argumentou que, como os efeitos dos humanos no meio ambiente aumentaram tanto nos últimos três séculos que o clima global poderia ser significativamente alterado, um termo específico deveria ser usado para descrever o período do final do século 18 até o presente. |
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Bibliografia | CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da Alma Selvagem e outros ensaios de antropologia. Ubu. Coleção Argonautas. 2017. |