ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Políticas do Olhar, diálogos sobre curadoria e descolonização. |
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Autor | Janaína Oliveira |
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Resumo Expandido | Nos debates sobre curadoria em cinema é frequente se retornar a origem latina da palavra (curare) para reafirmar o propósito do trabalho do curador. Curadoria como como cuidado ou como cura, como zelo. Da mesma forma que é relativamente recente a existência mesma da função no campo do cinema, são recentes também as formulações e debates mais acurados sobre o tema partam não dos pressupostos de uma cultura fílmica tradicional que vê a curadoria como um lugar legitimado pelo exercício de cinefilias. Somente nos últimos anos, vemos surgir reflexões que desmistifiquem a aura de isenção, baseadas na suposta universalidade da arte e, por extensão do cinema, e que considerem abertamente o fato indiscutível que atividade da curadoria é também exercício de poder. Nesse prisma, ao considerar a atividade curatorial como realmente um gesto de cuidado (“care”, “look after”), é preciso perguntar a quem historicamente esses gestos se endereçavam. Em uma perspectiva ampliada e em relação à história dos festivais de mostras de cinema, as escolhas curatoriais representam muito mais traumas do que cuidado para com cineastas e audiências não hegemônicas, isto é, pessoas que não sejam caucasianas eurodescentedes e maioria masculina. No Brasil, o cinema nacional hegemônico e seus grandes festivais, mantiveram até pouco tempo atrás, os processos de exclusão, atravessados por racismos e misoginias que marcam, infelizmente, a sociedade brasileira até hoje. Para pensar as práticas curatoriais contemporâneas propus uma série de encontros com a presença de curadores negros de diferentes lugares do Brasil e do mundo chamada “Políticas do Olhar, diálogos sobre curadoria e descolonização", como parte da programação do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul - Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas nos anos de 2019 e 2020. A proposta sempre foi a de realizar uma espécie de imersão formativa, onde pudéssemos trocar sobre as práticas e trajetórias. Pois, como sempre afirmo na apresentação da série, se é que é possível, descolonizar a curadoria passa por desmistificar a prática. E como praticamente inexistem formações em curadoria de cinema, ao menos no Brasil não existe nenhuma, o Políticas do Olhar constitui uma oferta de espaço de trocas e fomento a partir de outras culturas fílmicas que incluem também outros referenciais teóricos. Pois a dissociação entre pensamento e prática é um dos pilares do pensamento ocidental onde não estamos interessadas em continuar. O interesse reside na elaboração sobre as práticas curatoriais e nos deslocamentos epistemológicos que as atravessam. A presente apresentação pretende realizar uma reflexão sobre as principais questões surgidas nos debates do Políticas, como forma de descolonização dos espaços de curadoria em cinema. |
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Bibliografia | CAMPT, Tina “Black Visuality and the practice of refusal”. Women & Performance. Feb. 25th, 2019. |