ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | FLUXO EXPANDIDO NAS AUDIOVISUALIDADES CONTEMPORÂNEAS |
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Autor | EDEMAR MIQUETA |
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Resumo Expandido | A atual relação entre arte e cinema está fortemente marcada pela ideia de que o dispositivo cinema vem sofrendo modificações, mas nem por isso deixou de ser cinema. Isso é possível porque a subjetividade cinema está profundamente interiorizada em todos nós. Assim como o dispositivo sofremos transformações pessoais que nos permitem o diálogo com outras modalidades de fazer cinema com diferentes técnicas e estéticas. Vivemos em constante movimento e transformação, uma necessidade da humanidade. A descoberta de novas tecnologias e a busca por novos processos tecnológicos acontecem em todos os setores das nossas vidas e não seria diferente nas práticas artísticas. Essa evolução pode ser descontínua e com alguns períodos mais curtos e outros mais longos. Thomas Elsaesser (2018, p. 105) fala em dois períodos de grandes transformações nas tecnologias midiáticas e desenvolvimentos sociais: o período da década de 1870 e 1900, e o período entre 1970 e 2000. Segundo Elsaesser, no primeiro período a popularização da fotografia, o surgimento do cinema e da comunicação internacional através do telégrafo e difusão doméstica do telefone. O segundo período foi o da consolidação do vídeo como meio de gravação e armazenamento e da prática artística de vanguarda, da ascensão da instalação artística e sua hibridização com o cinema, da adoção universal do computador pessoal, da mudança do som e da imagem analógicos para digitais, do surgimento da internet e da world wide web e do desenvolvimento dos smartphones que trouxeram as telas para a palma das nossas mãos com facilidade de acesso à informação em tempo real, de qualquer parte do planeta. O cinema está se reinventando, fluindo para outros dispositivos e sofrendo deslocamento do “fluxo principal”. Agora já é possível apropriar-se da expressão “audiovisual expandido” para se dizer que o autor tem o poder sobre o meio (BAMBOZZI e PORTUGAL, 2019). Novos ambientes que alteram os sentidos espaço-temporais que permitem aos espectadores “habitar” esses espaços de imersão, sair da passividade se tornando ativos e participantes. Seus corpos agora entram no movimento, o corpo em meio a uma situação cuja mente pensante se encontra entre imagens fragmentadas, temporalidades alternadas e que lhe permite o seu próprio entendimento da obra. São os seus próprios sentimentos que criam uma narrativa que se passa na mente a partir das experiências e vivências de cada um. Hoje a arte transmidiática (JENKINS, 2009) de instalação atualiza a imersão no que tange a sensorialidade e a provocação de novos pensamentos, resultando numa imagem-relação que, nos termos de Deleuze (1983), ultrapassa fronteiras; cruza de forma radical o vídeo, o cinema e as novas tecnologias digitais e, assim, diversos caminhos se abrem a novas possibilidades de criação, recepção e percepção das imagens numa convergência multimidiática em que Kátia Maciel (2009) nos apresenta o conceito de Transcinemas. Onde é possível entregar a obra ao espectador; esse que agora faz parte desta obra. Nessa jornada é possível explorar o invisível como campo cinematográfico utilizando-se de tecnologias como a realidade virtual e realidade aumentada para conhecer novos espaços, tempos, fluxos, acontecimentos e conexões fazendo com que o espectador possa experienciar outros mundos que estão neste (BUENO, 2019, p.49). |
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Bibliografia | BUENO, Claudio in: BAMBOZZI, Lucas; PORTUGAL, Demétrio. (org.). O cinema e seus outros: outros fluxos cinematográficos e sua produção de imagens. 1ª ed. São Paulo: Equador; AVXLab–Laboratório de Audiovisual Expandido, 2019. |