ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Êxodo Hollywoodiano |
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Autor | Laís Lima Pinho |
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Resumo Expandido | No cinema e audiovisual, o cenário em relação à condição das mulheres no campo de trabalho, de alguma forma procurou isolá-las no lugar de objetificação. Não cabia às mulheres o espaço por detrás das câmeras mas sim diante delas, atendendo um desejo ou contemplação do público, Laura Mulvey (1983). É o caso do fenômeno das atrizes de Hollywood que têm em suas carreiras um período curto de tempo no lugar de “musas” ou “símbolos sexuais”, ou como colocaram no esquete do programa Inside Amy Schumer intitulado “The last F**kable Day”, as atrizes estadunidenses Amy Schumer, Julia Loius-Deyfrus, Patricia Arquette e Tina Fey, satirizam o comportamento da mídia estadunidense que conferem às atrizes o limite de tempo em que elas são “comíveis” à medida que os anos vão passando e o tempo vai agindo sobre seus corpos. Ainda de acordo com o esquete, ao longo de suas carreiras, as atrizes começam a receber papéis de mães ou mulheres que não são mais consideradas desejáveis, e isso reflete no figurino das personagens que elas interpretam e até no material de divulgação dos filmes, que passam a ter “grandes cozinhas” como assunto principal de um cartaz, por exemplo, do que o rosto das próprias atrizes. Ao deixarem de ser objetos de desejo e sedução, as mulheres são enquadradas em papéis dissociados do objeto de querer numa moldura imaculada onde, segundo a mídia, não mais desejáveis. Conforme pontuamos, consideramos a televisão um espaço mais aberto ao trabalho feminino, não que este seja mais fácil, mas podemos considerá-lo um terreno fértil, propício a dar excelentes frutos. As recentes produções encabeçadas por mulheres tem se tornado exemplo disso pelo sucesso de público alcançado, por atender demandas que até pouco tempo não tinham espaço no âmbito do cinema e audiovisual. Diante a dificuldade de poder contar suas próprias histórias sem correr o risco de perder o prazo de validade, muitas atrizes do cinema Hollywoodiano veem fazendo uma movimentação que chamamos aqui de êxodo Hollywoodiano, elas estão migrando para a televisão onde a possibilidade de contarem e interpretarem personagens “normais”, como mulheres com mais de 30, 40 anos é uma realidade. O empoderamento das mulheres, a partir da condição e estabilidade financeira, do estabelecimento e reconhecimento dos seus trabalhos agregado ao capital simbólico por elas acumulado lhes propicia caminhar por outras áreas dentro do cinema e audiovisual. Muitas atrizes têm se tornado diretoras e produtoras, o que facilita que elas realizem e financiem projetos nos quais acreditam. Reese Witherspoon vem encabeçando a movimentação das atrizes Hollywoodianas que têm transitado entre o cinema e a televisão. Em 2017 a atriz assinou a produção executiva da série Big Little Lies (2017-2019), exibida pela HBO. Junto com ela, também assina a produção da série a atriz Nicole Kidman. A série também contou com a presença da premiada atriz Meryl Streep em sua segunda temporada. Mas Reese não parou por aí, fundou a empresa Hello Sunshine e fez parcerias com a HBO, a atriz também está envolvida com outras produções televisivas de empresas de plataforma stream. Como é o caso das séries The Morning Show (2020), título da Apple Tv+ e Little Fires Everywhere (2020) produzida e exibida pela Amazon Prime Video. Nas séries, Reese além de protagonista é também produtora executiva. O engajamento dessas atrizes em tentar mudar a realidade das mulheres no campo do cinema e audiovisual possibilitando a outras mulheres o empoderamento e formação no ofício do audiovisual é um pequeno passo no curso de mudança da situação histórica das mulheres na área. A criação de rede de apoio e fortalecimento do trabalho feminino é o começo para a mudança na nossa cultura da qual falou a autora Chimamanda Ngozi Adiche (2015): “Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar a nossa cultura.”. |
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Bibliografia | ADICHE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas / Chimamanda Ngozi Adiche; tradução Christina Baum. - 1º ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2015. |