ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Questões de estilo no cinema ficcional de som direto brasileiro |
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Autor | Igor Araújo Porto |
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Resumo Expandido | A proposta desta comunicação é olhar para os filmes de ficção que passam a fazer uso do som direto em externas quando as tecnologias para realizar isso chegam ao Brasil, ou seja, no período entre 1964 e 1983, com o objetivo de entender se é possível traçar paralelos entre escolhas técnicas e estéticas e, com isso, entender se há alguma semelhança estilística no uso que esses filmes de ficção fazem do som direto ou correspondência com o que é feito no documentário. Para a análise, parto de uma lista elaborada no âmbito de minha pesquisa de doutorado, da qual este trabalho se configura como um recorte, a partir das fichas técnicas dos filmes produzidos no Brasil entre 1964 e 1983, período que Costa (2006) aponta como de inserção do som direto na filmografia nacional. Utilizando este levantamento, chego em 83 longas-metragens de ficção que identificam som direto em suas fichas técnicas. Pesquisando depoimentos de cineastas e técnicos e excluindo filmes que usaram gravação de som direto como som guia ou que possuíam som direto, mas optaram por dublar na pós-produção. Por exemplo, foi possível reduzir para 20 filmes que parecem adquirir um uso mais amplo. Para a presente comunicação, pretendo realizar uma aproximação entre estes filmes que me possibilite chegar à parâmetros estéticos em comum entre eles. A inserção do som direto em externas como recurso técnico no cinema documental brasileiro, a partir da chegada do Nagra e do movimento do Cinema Verdade, foi estudada à exaustão em trabalhos como a dissertação de Guimarães (2008) ou em Bernardet (1985). A contraparte ficcional deste processo é bem documentada em escritos e entrevistas de cineastas e técnicos, mas como sua adesão foi mais difusa e demorada do que no documentário, ainda há uma carência de estudos que lidem com esse tema de maneira sistemática. Costa (2006, p.157) alega que "na produção de longas-metragens de ficção da mesma época a passagem para o som direto ocorreu de forma mais difusa, e seu impacto parece ter sido diluído". O autor também descreve como o som direto impactou as produções da época, entretanto, a partir de características mais contextuais e gerais, como o uso de canções nacionais, o aumento dos ruídos mesmo nos filmes dublados, entre outros. A partir desta reflexão, busco pensar como foi esse uso, se estes filmes que foram pioneiros no uso desta técnica partilham características estéticas/estilísticas. Como base teórica, parto da noção de estilo em Bordwell (2013), na medida em que o autor vai reler a história do cinema e da crítica cinematográfica com base em determinados parâmetros estilísticos que se repetem ou não. Também entendo este estilo como algo que não parte de cima para abaixo a partir de um cineasta e, sim, como algo que emerge a partir de uma discussão pública entre profissionais da área, críticos e realizadores, nos moldes da discussão identificada por James Lastra sobre o início do cinema sonoro (LASTRA, 2000). Desta maneira, procuro entender quais são estes parâmetros que norteiam a discussão em torno problemática dos primeiros momentos do som direto no cinema brasileiro, sobretudo no sentido de como esse recurso técnico impactou nas propostas estéticas desse cinema. Sirvo-me, também, da discussão consolidada nos estudos do som no cinema sobre um possível maior “realismo” atribuído ao direto. Michel Chion (2011) utiliza argumentos parecidos para sugerir que a noção de um maior realismo é falaciosa, uma vez que os filmes costumam ser enriquecidos posteriormente por outros efeitos. Rick Altman segue a mesma linha quando discute o caráter indicial do som, porém entende que o direto manteria as “assinaturas espaciais” do áudio (Altman, 2012, p. 24, tradução do autor). Assim, é possível refletir se há, por exemplo, uma tendência ao uso maior ou menor de ruídos de locação, aumento ou diminuição da voz over, se o uso do som direto foi extenso ou restrito a algumas cenas ou alguns elementos da trilha apenas, entre outros parâmetros. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Four and a half film fallacies. In: ALTMAN, Rick. Film/Genre. London, Palgrave Macmillian, 2012 |