ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Reichenbach fotografa Garrett: intercâmbios na Boca do Lixo |
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Autor | Bruno Vieira Lottelli |
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Resumo Expandido | Após a realização de Lilian M: Relatório Confidencial (1975), o jovem cineasta Carlos Oscar Reichenbach desfez-se de sua parcela na sociedade da Jota Filmes, eminente produtora de publicidade paulistana, e rumou para a Boca do Lixo. Embora buscasse a priori desenvolver uma carreira como diretor com a liberdade criativa que não gozava ana publicidade, as primeiras oportunidades oferecidas a ele foram para fotografar uma série de obras da pornochanchada, filão de comédias ligeiras com apelo erótico que rendiam bons dividendos a produtores e exibidores naquele período.Já em 1976 fotografou “Excitação”, dirigido por Jean Garrett, iniciando uma parceria duradoura, chegando a ponto de converter-se em sociedade na Embrapi (1980-82). A respeito do surgimento de tais convites, Reichenbach ofereceu em entrevista uma resposta curiosa, combinando técnica e estética:"Me chamavam porque eu conseguia captar o lilás. Excitação e A Força dos Sentidos: são filmes em que isso era trabalhado constantemente. Eu trabalhava com lã de vidro de geladeira para conseguir dar o tom de pele feminina" (REICHENBACH, 2009) Entre 1979 e 1982, as cinematografias de Carlos Reichenbach e Jean Garrett conheceram seu auge na Boca, tanto em termos artísticos quanto comerciais. Neste período, Reichenbach dirigiu A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979), O Império do Desejo (1981) e Paraíso Proibido (1981), tendo fotografado todas as três sob o crédito de Alfred Stinn. Por sua vez, Garrett dirigiu A Força dos Sentidos (1978), Mulher, Mulher (1978), A Mulher que Inventou o Amor (1979) e O Fotógrafo (1980), sendo as três primeiras fotografadas por Reichenbach. Neste trabalho, interessa-nos investigar os intercâmbios realizados no exercício do direção de fotografia tomando como ponto de partida um conjunto de filmes nos quais o fotógrafo não necessita dialogar com outra pessoa, supostamente fruindo de completa liberdade criativa, pois acumula a função de diretor da obra, e comparando a outro conjunto, contemporâneo e fruto do mesmo circuito produtivo. Através de um esforço comparativo, recorrendo à análise das obras A Ilha dos Prazeres Proibidos, O Império do Desejo, Mulher, Mulher e A Mulher que Inventou o Amor, buscaremos apontar as continuidades e disrupções de uma obra para a outra, atentos à recorrência de técnicas (em especial, uso de movimentos de câmera) e estilos (escolhas de enquadramento e esquemas de iluminação). Finalmente, visa-se contribuir aos estudos da cinematografia brasileira, investindo energia no campo da produção popular realizada nos da Boca do Lixo, aproveitando-se da intensa colaboração entre seus membros para realizar nosso estudo comparativo. |
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Bibliografia | LOTTELLI, Bruno. Por um cinema corsário: rotas cinematográficas de Carlos Reichenbach. Dissertação (Mestrado) - ECA, USP, São Paulo, 2019. |