ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Edgard Navarro, cineasta em queda livre |
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Autor | Marise Berta de Souza |
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Resumo Expandido | Nada mais oportuno nesta SOCINE que tem como mote - Desafiar a gravidade: incertezas, trânsitos e rumos para quedas - apresentar um cineasta em queda livre. A antigravidade em Navarro é exercício de liberdade traduzido em filmes que não se acomodam e não têm adesão a um modelo convencional, contido em certo padrão apresentado pelo cinema brasileiro, até mesmo no quadro do cinema autoral. É constatada no viés dos seus temas, recorrentemente autobiográficos; na escritura de suas narrativas desobedientes; na estética própria, extremamente assertiva e articulada com densa força criativa, que nos surpreende ao revelar personagens que emergem da margem; e no modo em que opera a estratégia de produção de recursos mínimos e potência máxima. Consideramos nesta análise a sua relação com a matriz de experiência artística relacionada ao cenário da contracultura baiana-brasileira em que alicerçou seu cinema antigravitacional. Insubmisso, com atitude iconoclasta e extrema coerência entre arte e vida, nos leva a acompanhar as deambulações de seus personagens pela soterópolis em experiências sensoriais e oníricas em diálogo permanente com sua cultura. Nesse exercício cabe pensar o cinema de Edgard no cruzamento entre a Estética do Sonho glauberiana, o Brasil Diarreia de Oiticica e o cinema de invenção de Ferreira. Na trilogia selecionada para esta apresentação Edgard burila, filosoficamente e conceitualmente, os meandros da existência humana com irreverência e encaixes engenhosos. A frase-mantra “Abaixo a gravidade” anuncia o voo libertário do Superoutro, sem rede de proteção porque sabe voar, retorna em Abaixo a gravidade para envolver Bené na rede de uma paixão temporã. Em um mundo em queda livre, Edgard Navarro trança arranjos, desafia conceitos, desmonta o estabelecido, estilhaça a vidraça - assim como o Superoutro - para acordar a humanidade. |
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Bibliografia | FERREIRA, Jairo. Cinema de invenção. São Paulo, Max Limonad, 1986. |