ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Caboclo de lança sônico: Processos de criação do som em Azougue Nazaré |
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Autor | Bruno Alves da Silva Pereira |
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Resumo Expandido | Como se dão os processos criativos das equipes de som no cinema independente ou cinema artesanal pernambucano? Como o fluxo de ideias e concepções sonoras entre as equipes na obra são estabelecidos fora ou convergindo com métodos do cinema industrial? Diversos fatores socioeconômicos e políticas públicas de regionalização do audiovisual brasileiro salientam contextos distintos do mercado audiovisual por regionalidades. Sobre as realidades da pós-produção de som no Brasil, Carreiro (2019) sublinha alguns fatores que demarcam as singularidades de cada mercado regional, como: a mão de obra disponível, o acesso aos editais de fomento, a presença de operadoras de TV e streaming, a abrangência do mercado publicitário e a infraestrutura técnica disponível. Pensando as questões que pontuam as singularidades do mercado audiovisual regional, esta comunicação se debruça sobre os processos de criação da trilha sonora no filme Azougue Nazaré (2018, Tiago Melo). O longa-metragem é ambientado na cidade de Nazaré da Mata e retrata a resistência e preservação da memória do maracatu de baque solto. A manifestação cultural está sob ameaça diante da expansão da igreja evangélica liderada pelo ex-mestre de maracatu, pastor Barachinha. Azougue se destaca por sonoridades ímpares que ressoam através da cultura musical e performática do maracatu, dos instrumentos que fazem parte da religiões afro-brasileiras e dos sons emitidos pelas indumentárias do caboclo de lança. O desenho de som, encabeçado por Guga Rocha, é marcado pelas sambadas, louvores, músicas de autor (GOBERMAN, 1987) e uma composição musical (realizada pelo músico Tomaz Alves) que mescla elementos do maracatu rural, reggae/dub e drone music. Assim, vamos relacionar as escolhas estéticas nos fluxos de trabalho, nos processos de criação em grupo (SALLES, 2016) e as influências motrizes desses artistas objetivando o sentido sonoro do filme. Temos como objetivo apresentar uma hibridização que ressoa no longa-metragem incorporando sonoridades da cultura popular da zona da mata pernambucana com elementos estéticos do cinema de horror (CARREIRO, 2019). Outra questão teórica que podemos notar em Azougue, são as seis dimensões de aplicações estéticas no conceito de continuidade intensificada desenvolvida por Jeff Smith (2013). O intuito aqui é correlacionar - através de entrevistas com os profissionais que integram a equipe de som da obra - as intenções estéticas citadas com os processos criativos do grupo. Na tentativa de contextualizar as produções de filmes mais recentes partimos de uma breve discussão sobre o termo novíssimo cinema brasileiro (OLIVEIRA, 2016), seguindo sobre a realidade das produções cinematográficas contemporâneas em Pernambuco (NOGUEIRA, 2014) e por fim, vamos apresentar os aspectos estéticos relacionados com os processos de criação da equipe de som no filme Azougue Nazaré. |
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Bibliografia | CARREIRO, R. A pós-produção de som no audiovisual brasileiro. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2019. Ebook. 235 p. |