ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | OUTROS VIDEODANÇARES: EXPERIMENTAÇÕES ENTRE O FÍLMICO E O COREOGRÁFICO |
|
Autor | JOUBERT DE ALBUQUERQUE ARRAIS |
|
Resumo Expandido | Há um legado histórico de experimentações de corpo, imagem e movimento que alicerçam qualquer discussão do que hoje chamamos de videodança e que se situa, contextualmente, no cinema experimental. Com esse legado, interessa-nos discutir a dimensão estético-afetiva de artistas contemporâneos da dança, quando estes vem configurando relevantes experimentos na relação híbrida entre cinema, vídeo e dança, com conceituações e debates entre o fílmico e o coreográfico (ARRAIS, 2017; MICHAUD, 2014; ALVES, 2013; SANTANA, 2006; MACHADO, 1997). Sabemos, em certa medida, que o corpo em movimento, antes mesmo do cinema ser cinema, foi marcado pelo fisiologista Etienne-Jules Marey, inventor do cronofotógrafo e do fuzil fotográfico, dois ancestrais da câmera cinematográfica, utilizados inicialmente para projetar imagens, e assim, dissecar e decompor movimentos animais. Já para o movimento que se organiza como dança, sua presença na práxis do cinema experimental é histórica e difundida pelo conceito de Coreocinema, atribuído aos filmes da coreógrafa e dançarina Maya Deren na década de 1940. Do dançar para câmera ao dançar para a tela, na década de 70, temos a brasileira videoartista Analivia Cordeiro, uma de suas pioneiras no mundo com Dance Computer, obra experimental gênese do que hoje conhecemos como estética do/da videodança. Diante desse legado, algumas perguntas nos mobilizam: de que videodançares (DE OLIVEIRA, 2009) falamos, ou podemos falar, com dizeres outros, em termos da performatividade de corpos em crise e do curto-circuito das representações (GREINER, 2010)? Que pistas e ocorrências estéticas, em tempos de convergências midiáticas e distopias tecnológicas, podem ser visibilizadas como estratégias de politização e de interseccionalidade do corpo artista (AKOTIRENE, 2018; RANCIÈRE, 2005)? Como possibilitar visibilidades outras de experimentos e experimentações criativas e curatoriais entre cinema, vídeo e dança com a criação artística contemporânea de dança no Brasil? Destacamos, numa categorização conceitual possível, alguns exemplos de videodançares: 1) Filmes Coreográficos: as pesquisas de movimento Acummulations (1971) e Watermotor (1978), da coreógrafa Trisha Brown, com colaboração de Merce Cunninghan e John Cage; 2) Cenas Coreodançadas/Coreofílmicas: audições seletivas nos filmes mainstream Flashdance (1983), Billy Elliot (2000) e Cisne Negro (2011); e, ainda, a célebre performance de um homem negro caiçara em O Porto de Santos (1978), documentário nacional de Aloysio Raulino (1947-2013); 3) Danças Filmadas: registros de performance A cadeirinha e eu (2014); Engarrafadas (2019) e Anatomia das coisas encalhadas (2013), da coreógrafa Silvia Moura (CE); e 4) Danças Videodocumentais: a pesquisa Erranças (2015), da bailarina Gabriela Santana e do videomaker Tonlin Cheng (PE); a compilação de vídeos de ensaios Caderno de Artista com Eduardo Fukushima (2020), do dançarino Eduardo Fukushima e do editor/sonoplasta Chico Leibholz (SP); e os vídeos-depoimentos Oralidanças – compartilha de processo (2021), da Cia Balé Baião (CE). Referenciamo-nos, ainda, em duas obras expandidas de videodança: o curta-metragem coreográfico documental NoirBlue – deslocamentos de uma dança (2017), da bailarina e coreógrafa da imagem Ana Pi (Brasil/França), com estreia no Centro Georges Pompidou em Paris; e o curta-metragem Sensações Contrárias (2007), de Amadeu Alban, Jorge Alencar e Matheus Rocha (Salvador/BA), premiado como melhor vídeo experimental no Festival de Gramado (2007). A saber, esta comunicação e algumas das obras citadas compõem a proposta VIDEODANÇARES, submetida ao projeto Telas Abertas 2021, através da Escola Pública de Audiovisual, direcionada ao Cineclube da Vila das Artes, da Prefeitura de Fortaleza (CE). Nesta curadoria experimental, propomos tensionar o corpo que dança em suas videografias e cinematografias a partir de distopias, passagens, resiliências e movências com a dança coreográfica, dramatúrgica, improvisada e performática. |
|
Bibliografia | AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? (Feminismos Plurais). Belo Horizonte: Letramento, 2018. |