ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Luta e sonho yanomami. Davi Kopenawa em 6 documentários brasileiros |
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Autor | Gustavo Soranz |
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Resumo Expandido | Os yanomami são um povo que vive na floresta amazônica, na fronteira entre a Venezuela e o Brasil e ainda permanecem relativamente isolados, com população hoje estimada em 35.000 indivíduos. Eles mantêm seus modos de vida tradicionais na aldeia, preservando sua cosmologia. São uma etnia largamente estudada pela antropologia e há diversos documentários sobre eles que se tornaram clássicos, principalmente na seara do cinema etnográfico, contudo, para além dos domínios disciplinares especializados, há décadas as lutas enfrentadas pela etnia têm ganhado dimensão política internacional e chegado a um público mais amplo e leigo nos assuntos da luta indígena. Davi Kopenawa é um líder e xamã yanomami que vive na aldeia Watoriki (a Serra do Vento), no Amazonas, e é atualmente uma das principais lideranças indígenas brasileiras, reconhecido mundialmente. Davi foi figura fundamental para a homologação da Terra Indígena Yanomami, em 1992, e sua figura se tornou conhecida mundialmente em boa medida pela exposição midiática nesse período. Desde o processo pela demarcação da Terra Yanomai, Davi tem aparecido publicamente na mídia de massa, mas também com certa presença em documentários brasileiros. Nosso interesse é realizar uma análise de como Davi Kopenawa figura nesses filmes e como essa sua presença nos permite identificar como a dimensão política e a dimensão cosmológica dos yanomami foi representada no documentário brasileiro, permitindo uma leitura mais complexa sobre a etnia. Apresentaremos uma leitura dos documentários Davi contra Golias (Aurélio Michiles, 1993), Napepe (Nadja Marin, 2004), Xapiri (Bruce Albert, Gisela Motta, Leandro Lima, Laymert Garcia Dos Santos e Stella Senra, 2012), Urihi Haromatipë – Curadores da terra-floresta (Morzaniel ƚramari Yanomami, 2014), Gyuri (Mariana Lacerda, 2019) e A última floresta (Luís Bolognese, 2021). Acreditamos que esse corpus de filmes nos permite não apenas ver evidências históricas de como a luta dos yanomami foi sendo travada nessas décadas, dando a ver as batalhas que travaram pela vida ou pelos seus direitos em determinados eventos traumáticos apresentados, mas também mostram como a etnia promoveu um processo exemplar de afirmação cultural, conquistando relevância em termos filosóficos, passando de um cenário de denúncia do genocídio contra o povo yanomami que estava em curso para um cenário de protagonismo onde sua cosmologia é valorizada como uma maneira original de conceber a relação do homem com a natureza, apontando possibilidades de novas compreensões sobre a civilização. |
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Bibliografia | BRASIL, André. Ver por meio do invisível. O cinema como tradução xamânica. Novos estudos, CEBRAP. São Paulo, v. 35.03. Novembro, 2016. p. 125-146. |