ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | O trabalho no cinema brasileiro contemporâneo: prismas conceituais |
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Autor | Pedro Félix Pereira Moura |
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Resumo Expandido | A proposta deste trabalho é primeiramente revisitar a produção acadêmica recente que se debruça sobre o tema do trabalho e do operário na cinematografia nacional. Em especial, textos que tratem de filmes contemporâneos, procurando entender as abordagens e estratégias de análise. Sugerimos como ponto de partida textos publicados por Luís Flores e Pedro Vaz Peres nos anais do XXII SOCINE (2018), por de Luiza Alvim, na XXIII SOCINE (2019) - esses três primeiro tendo como objeto principal o filme “Arábia” (2017), por Vera Lúcia Follain de Figueiredo, Tatiana Oliveira Siciliano e Eduardo Miranda na COMPÓS de Porto Alegre (2019) e por Mariana Souto na COMPÓS de Campo Grande (2020) - esses últimos abordando séries históricas, o primeiro no âmbito do cinema de ficção e o segundo no âmbito do documentário . Essas pesquisas compõem o volume considerável de literatura sobre o tema no meio acadêmico, nos possibilitando um estudo comparativo que aponte concordâncias e dissonâncias entre as maneiras como os pesquisadores selecionados abordam o tema em questão: o trabalho e os operários. Deste modo, a proposta caminha no sentido de tentar apontar outros caminhos possíveis de se elucubrar a categoria trabalho em filmografias, onde esta esteja implicada de forma decisiva. Uma análise preliminar dos textos já demonstra que os artigos selecionados possuem cada qual virtudes e olhares muito diversos entre si, abrangendo desde aspectos da linguagem e técnica cinematográfica, quanto de contextos sócio econômicos de produção e difusão dos filmes tratados. Neste sentido, o interesse aqui se prende à maneira como o mote do labor atravessa os textos e sob quais óticas os autores e autoras o expõem e problematizam. Os textos reunidos em “Cineastas e imagens do povo”,de Jean-Claude Bernardet (1985) já sugerem o papel de destaque desse sujeito histórico: o operário, que é decisivo nas escolhas dos cineastas e que extravasa o conceito de “popular”. O operário ganha importância por ser protagonista de movimentos com tremenda capacidade de trazer problemáticas sociais imperiosas ao foco de debates massivos, tais como a questão da desigualdade social, sobrepujando o apelo de público do regime totalitário militar Essa proposta tem como premissa a ideia de que é possível expandir ainda mais o debate e a problematização do tema trabalho nos estudos da cinematografia nacional agregando conceitos de teorias que subvertem linhas do marxismo mais “ortodoxo”. Dentre essas teorias, destacam-se perspectivas que bebem da fonte do operaísmo italiano. Autores tais como A. Negri, G. Cocco, M. Lazzarato (2013), Franco Berardi (2005) e Kathi Weeks (2011) (esta última muito inserida numa recente crítica feminista do “pós-trabalho”) compõem o conjunto bibliográfico de base desta presente proposição. Nossa expectativa é de que os artigos selecionados, projetados através de primas conceituais propostas pelos teóricos supracitados: trabalho imaterial, trabalho cognitivo, trabalho autônomo e etc, possam render horizontes plurais de investigação, especialmente no que tange à produção subjetiva no trabalho. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003 |