ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | A Inscrição do Iauaretê _ Tecnoestéticas, Cosmotécnicas |
|
Autor | CARLOS FEDERICO BUONFIGLIO DOWLING |
|
Resumo Expandido | O presente trabalho analisa os processos de criação e desenvolvimento do filme-instalação ficcional digitalmente expandido em Realidade Aumentada [RA]/Mista [RM], livremente adaptado do conto MEU TIO O IAUARETÊ (Guimarães Rosa, 2013), desenvolvido através da metodologia de pesquisa-criação [research-creation], integrando simultaneamente a tese KINE DATA: Cinemas_Dados: Imagens Cosmotécnicas, Narativas_Cibernéticas, e o projeto seriado em animação gráfica ANIMA LATINA, ambos de minha autoria. A ideia base do filme-instalação sonora, fruto da adaptação intersemiótica do conto MEU TIO O IAUARETÊ de João Guimarães Rosa, parte do conceito tipificado por Badiou como “diferença mínima da realidade” (2007), para basear a transposição proposta do conto, buscando instaurar um dispositivo para decompor, compor ou recompor o paradoxo aparente de uma Hiper-Imersão por Realidade Aumentada através de um distanciamento minimalista. Dessa forma proponho a concepção e desenvolvimento de um filme sem imagens em tempo diegético, apenas com a narração em primeira pessoa seguindo o flusxo do conto original, espacialmente distribuída através de tecnologia de áudio tridimensional, que é literalmente a fala de um caboclo onça-iauaretê, que ocorre consecutivo a outro filme como o fluxo de consciência mnemônico e contínuo, acessível apenas por telas individuais de realidade aumentada e mista, cujas imagens são reagrupadas e articuladas através de algoritmos de Inteligência Artificial e ativados pelas espectadoras, agora potencialmente interagentes (Murray, 2003). Clara Rowland, da Universidade de Lisboa, tece uma série de reflexões a respeito do processo de composição do conto Meu Tio o Iauaretê por Guimarães Rosa, que encontram ressonância com a adaptação proposta e aqui analisada, e o conjugado processo de adaptação intersemiótica em roteiro e script de programação de um filme-instalação sonora em realidade aumentada e mista [RA/RM]. A pesquisadora desenvolve o conceito de uma “poética da ilegibilidade” (Rowland, 2015) desenvolvida por Guimarães Rosa, e que ganha radicalidade em seu conto-experimento, de que me aproximo ao criar uma correlação com a poética proposta de um cinema invisível a partir da diferença mínima da realidade, como aplicada pelo roteiro adaptado aqui analisado, buscando uma aproximação com a radicalidade léxico-formal-experimental do texto ficcional original. Rowland cita Wey que trata especificamente do conto de Rosa e do seu português único e excepcional, e da provocação explicitada da impossibilidade de uma língua total, e faço uma analogia direta com as ganas nunca completas de um cinema total (BAZIN, 1991), ao que Rowland nomina de uma “língua ininteligível” (Rowland, 2015) , sendo aqui plasmada e transformada através de um roteiro que tateia um cinema expandido invisível numa provocação formal programada por algoritmos de Inteligência Artificial. Faço uma breve descrição detalhada da concepção estética a ser aplicada na adaptação do roteiro do conto aqui transposto como uma obra de filme-instalação sonora em RA e RM, com utilização da intercalação de narrativas paralelas, estabelecendo três camadas interdependentes, contíguas e em fluxos contrários, sendo uma principal dos sons em tempo diegético, distribuído em 9.1 canais utilizando a tecnologia do som tridimensional, e outras dois canais das imagens, sendo um deles com narrações visuais em tempo pretérito [flasback] e o outro com relatos do tempo futuro [flashfoward], ambos canais visuais estando desativados de antemão, só sendo acessíveis através de interação guiada e estimulada pelos sinais sonoros espacialmente distribuídos, sendo ativados através de segunda e terceiras telas pelas espectadoras-interagentes. |
|
Bibliografia | BADIOU, Alain. O século. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2007. |