ISBN: 978-65-86495-02-7
Título | Afro-fabulação e bixaria negra no documentário de Marlon Riggs |
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Autor | Bruno F. Duarte |
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Resumo Expandido | Neste trabalho aproximo o conceito de afro-fabulação desenvolvido pelo historiador, crítico cultural e estudioso da performance Tavia Nyong'o em seu livro mais recente, "Afro-fabulations: The Queer Drama of Black Life", publicado em 2018, e possíveis desdobramentos da análise do documentário "Línguas Desatadas" (Marlon Riggs, 1989) enquanto um possível ato de afro-fabulação. Em "Afro-fabulations", Nyong'o desenvolve os conceitos de fabulação e função fabuladora elaborados nas obras dos filósofos franceses Henri Bergson e Gilles Deleuze, respectivamente, e os atualiza ao aproximá-los de teorias tais como a de feministas negras, pós-humanistas, decoloniais, dos estudos queer e da queer of color critique. O autor especula sobre possibilidades de mobilização do termo e analisa o que chama de “atos de afro-fabulação” - sejam obras de artes visuais, literárias, performances, episódios cotidianos ou momentos históricos - enquanto ele mesmo fabula o novo conceito através de um método transdisciplinar de investigação. Em Exceeding the Frame: Documentary Filmmaker Marlon T. Riggs as Cultural Agitator, tese de Ph.D defendida na Universidade Emory, em 2009, por Rhea Combs, curadora do Museu Nacional de História Afro-americana dos EUA, a intelectual traça a biografia do cineasta e analisa toda sua filmografia, para além das imagens, mas também com um olhar para a recepção e impacto de seus filmes nos EUA. Especificamente no capítulo em que analisa Línguas Desatadas, posiciona o documentário como o trabalho mais híbrido e ensaístico de Riggs, e também como um processo de "desfazimento do silêncio e da vergonha" condicionados a corpos e subjetividades de homens negros gays. Quem é este eu forjado no final da década de 1980, nos EUA, durante os primeiros anos daq epidemia de HIV/Aids, na emergência de movimentos que identificamos hoje como de pessoas LGBTQIA+ em grupos políticos atuantes na esfera pública através das artes e quais elementos são utilizados para forjar esta subjetividade que experimenta uma urgência de comunicação a partir da aproximação com a finitude instalada pelo cenário de mortes em decorrência da Aids? Como Marlon Riggs se torna uma bixa preta através de Línguas Desatadas? Como esta subjetividade é forjada pelo coletivo que participou do filme? Estas são algumas das questões que saltam na análise da obra e da trajetória do diretor. É central também a noção de irreversibilidade do tempo, que Riggs tem contato ao se deparar com seu diagnóstico positivo para HIV durante os anos 1980 e que imprimi com o som de ponteiros de relógio na trilha do filme, que o move em direção a produção de um documento sobre a própria experiência coletiva de corpos negros e dissidentes de gênero e sexualidade do nos EUA. Poderíamos considerar o filme "Línguas desatadas" enquanto um ato de afro-fabulação, um documentário inserido no contexto de uma “corrida contra o tempo”? Ou seria a própria condição de existência de grupos racializados que encontram na “irreversibilidade do fluxo do tempo” sua “paradoxal fonte de liberdade”?. Estas são as questões principais a serem discutidas neste trabalho. |
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Bibliografia | BARROS, Laan Mendes de; FREITAS, Kênia. "Experiência estética, alteridade e fabulação no cinema negro". Revista ECO-Pós, [S.l.], v. 21, n. 3, p. 97-121, dez. 2018. |