ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Onda conservadora e retrocesso dos direitos da mulher em A Nuvem Rosa |
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Autor | Cyntia Gomes Calhado |
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Resumo Expandido | O filme A Nuvem Rosa (Iuli Gerbase, 2021) foi escrito em 2017 e filmado em 2019, mas, na ocasião de seu lançamento em 2021, o que era para ser uma ficção científica distópica, se tornou o primeiro filme "sobre a pandemia". Na história, a chegada de uma nuvem rosa tóxica e mortal nos céus força as pessoas ao isolamento. O roteiro se debruça sobre os efeitos do confinamento em Giovana (Renata de Lélis) e Yago (Eduardo Mendonça), que acabaram de se conhecer em uma festa, porém, com a chegada da nuvem, precisam viver como um casal. Ao longo dos anos, Yago vive sua própria utopia, enquanto Giovana sente-se cada vez mais aprisionada. Realizado em Porto Alegre, A Nuvem Rosa está inserido em um eixo descentralizado da produção cinematográfica brasileira. Trata-se de uma obra de baixo orçamento, quase toda filmada em uma única locação, com elenco pequeno. A partir destas características de produção, será abordado o processo de criação da narrativa visual e dos aspectos plásticos da imagem, considerando a relação criativa entre a direção (Iuli Gerbase), direção de arte (Bernardo Zortea) e de fotografia (Bruno Polidoro). O foco desta investigação recai sobre as decisões técnicas e estéticas utilizadas na direção de fotografia. No decorrer da narrativa, a cor rosa adquire diferentes tonalidades, acompanhando as transformações psicológicas dos personagens, especialmente de Giovana. Segundo a diretora, "imaginei algumas possíveis interpretações para a nuvem. Ela poderia ser uma metáfora para a pressão da sociedade em manter um casamento monógamo" (GERBASE, 2017, p. 52). A escolha do rosa, uma cor associada à feminilidade, utilizada como gás tóxico e os significados simbólicos da paleta de rosa e azul pasteis podem ser interpretados como uma onda conservadora impossível de controlar. A maioria das questões do roteiro giram em torno de abusos advindos do patriarcado e do machismo. Temos um senhor, o pai de Yago, homofóbico; menores de idade sofrendo violência sexual do pai de uma amiga; a protagonista Giovana cedendo à maternidade contra sua vontade e tendo seu sofrimento psicológico negado pelo companheiro Yago, enquanto este personagem normaliza a situação, por entender que ela o favorece. O objetivo desta comunicação é analisar os procedimentos audiovisuais e a plasticidade das imagens do filme, a partir de análise fílmica e entrevista com o diretor de fotografia Bruno Polidoro, para pensar o aspecto político desta produção. |
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Bibliografia | FIKER, Raul. Ficção Científica: Ficção, Ciência ou uma Épica da Época? Porto Alegre: L&PM. 1985. |