ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Patogenia fantástica: subversão narrativa em Cemitério do Esplendor |
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Autor | Lucas Camargo de Barros |
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Resumo Expandido | A presente pesquisa parte de uma análise fílmica centrada nas representações da patologia física presente em Cemitério do Esplendor (Apichatpong Weerasethakul, 2015). O objetivo principal é explorar como o elemento narrativo da doença do sono que acomete os soldados (a tripanossomíase africana) acaba por incidir também no próprio corpo fílmico, modificando sua estrutura e lançando-o para lugares complexos e insuspeitos. Chamo de "patologia fílmica" (Barros, 2021) o uso inventivo da mise-en-scéne, da montagem e de elementos extra-diegéticos que o realizador lança mão a fim de representar seus personagens doentes. Tal operação acaba por produzir uma subversão da gramática cinematográfica, contrapondo-se à dramaturgia hegemônica dos manuais de roteiro, somatizando os afetos enfermos dos personagens e gerando uma narrativa doente. Na medicina ocidental, a patogenia é o ramo da patologia que se dedica a analisar a origem de um estado patológico específico. Se a patologia é a doença, a patogenia é sua origem. Sequestrando esta ideia para o campo de estudos fílmicos, o conceito de "patogenia fantástica" presente na longa-metragem analisada, substitui e contrapõe o conceito de "incidente incitante" (McKee, 2017), ou seja, ela torna-se a agente primária do desenvolvimento narrativo e geradora do conflito central. Nesta análise interdisciplinar atravesso conceitos da medicina clínica, da filosofia, semiótica psicanalítica e da teoria de cineastas. |
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Bibliografia | Amont, J. (2006). As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus. |