ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | CINEMA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: por um cinema afirmativo nas escolas |
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Autor | Alexandre Silva Guerreiro |
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Resumo Expandido | A inclusão na perspectiva escolar é atravessada pelos direitos humanos. A Educação inclusiva preconiza que não é a aluna ou o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola, consciente de sua função, que se coloca à disposição do aluno. Segundo Rosita Carvalho, no livro “Educação Inclusiva: com os pingos nos ‘is’” (2005), a educação inclusiva é um conceito bastante sutil porque se trata de um processo. Para que a inclusão realmente aconteça é preciso todo um conjunto de ações, que inclui vontade política, gestão democrática, legislações, adaptação curricular, além de professores qualificados em sua formação inicial e continuada. A concepção de inclusão é ampla e complexa. Não se restringe, portanto, à inclusão do público-alvo da educação especial. Para Romeu Sassaki, em “Integração e Inclusão: do que estamos falando?” (1998), a inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola tradicional deve ser modificada para ser capaz de receber qualquer aluna ou aluno incondicionalmente e de lhe propiciar uma educação de qualidade. Promover a inclusão é um desafio necessário quando pensamos na relação entre educação e direitos humanos. Quando questionamos o uso do cinema que professoras e professores fazem em sala de aula, precisamos considerar que o paradigma da inclusão trouxe progressivamente novas exigências ao trabalho docente. Vera Candau e Susana Sacavino, em “Educação em Direitos Humanos e formação de educadores” (1996), apontam etapas para a efetivação dessa educação. Formar professores na perspectiva da educação inclusiva significa estabelecer uma prática educacional comprometida com a diversidade da sala de aula. Nesse sentido, o cinema na escola precisa, da mesma forma, considerar tal diversidade, o que se dá tanto em relação à escolha do que será exibido quanto às discussões que decorrerão da exibição. O professor deve colocar em prática, através do cinema, uma pedagogia inclusiva que pretenda a manifestação do potencial de seus alunos e alunas. É nesse sentido que, em “Direitos Humanos e Educação Libertadora”, Paulo Freire afirma que os direitos humanos têm a ver com educação e libertação, como uma luta para instaurar “a gostosura de ser livre”. E o cinema precisa contribuir para essa concepção de liberdade. A educação é um direito humano. E num universo marcado pela violação de direitos humanos em decorrência da exclusão social, cultural, política ou econômica, a valorização de uma Educação inclusiva pode ser entendida como fundamental para se pensar uma escola como espaço radicalmente democrático, e de construção de um novo futuro, mais justo e mais humano. É nesse sentido que pensamos na urgência de um cinema afirmativo na escola. Certamente, não é qualquer cinema ou qualquer abordagem das obras audiovisuais em âmbito escolar que se constitui como cinema afirmativo. O cinema e o audiovisual estão na escola de diversas maneiras e há muito tempo. O cinema afirmativo deve ser um cinema capaz de fazer aflorar a sensibilidade necessária para que a educação em direitos humanos se efetive. Para tal, conceitos como o de curadoria educativa (Vergara, 2018), e de modos de endereçamento (Ellsworth, 1997), ajudam numa reflexão que acrescenta camadas à relação entre cinema e educação. Um cinema engajado no ser humano, na transformação social e na construção de um novo mundo. Tal perspectiva não deve se restringir à temática das obras audiovisuais, razão pela qual o cinema afirmativo pressupõe não apenas professores antenados com as teorias e linguagens do cinema mas, sobretudo, em sintonia com a formação dos sujeitos de direitos, em abordagens geradoras de encontros baseados na criticidade e no afeto. O cinema afirmativo é o cinema atravessado pelos direitos humanos numa perspectiva educacional inclusiva. É uma proposta que busca pautar nossas práticas pedagógicas, iluminando escolhas e abordagens dos filmes e obras audiovisuais e, sobretudo, as relações que se estabelecem dentro da escola. |
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Bibliografia | CANDAU, Vera; SACAVINO, Susana. Educação em Direitos Humanos e Formação de Educadores. Educação, v.36, n.1, p.59-66, jan/abr, Porto Alegre, 2013. |