ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Inês e Norma : caminhos cruzados em imagens, arquivo e militância |
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Autor | Patricia Furtado Mendes Machado |
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Coautor | Thais Blank |
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Resumo Expandido | Em 2012, Norma Bengell doou seu arquivo pessoal à Cinemateca Brasileira. Dentre as centenas de recortes de jornal, fotografias e cartazes de filmes que a atriz colecionou ao longo de sua vida, chegou também ao acervo um material inédito, rodado em Super-8 pela a própria atriz. O registro testemunha a saída da prisão da militante Inês Etienne Romeu, em 1979. A informação sobre a existência desse registro nos foi dada no âmbito da pesquisa que realizávamos em torno da trajetória de Inês Etinne, e que foi incida em 2018 no projeto "Entre o político e o íntimo: o cinema doméstico sob a ditadura militar". O material em Super-8 foi finalmente digitalizado pela Cinemateca Brasileira e será exibido pela primeira vez no âmbito dessa pesquisa. A existência desse registro nos despertou o interesse em mapear as conexões e motivações que impulsionaram Norma, atriz notadamente conhecida como “vedete do cinema brasileiro”, a produzir imagens com caráter de denúncia política. Foi esse percurso que nos conduziu ao vídeo militante francês Inês (1974), realizado no âmbito do coletivo feminista Les insoumises. O curta, que se encontra depositado no Centre Audiovisuel Simone de Beauvoir, aborda a prisão e a tortura sofrida pela presa política Inês Etienne Romeu. Idealizado por Norma Bengell e Delphine Seyrig, o vídeo é uma produção coletiva feita para denunciar a situação bárbara vivenciada por Inês em seu incarceiramento, e pressionar pela revisão dos autos de sua prisão. Analisamos a obra e seu contexto de produção no artigo “Musas insubmissas: Estudo de Inês (1974), um filme de coletivo sobre uma presa política brasileira (Revista ECO Pós, 2020). Nesta comunicação, propomos seguir esse caminho aberto na pesquisa e que nos colocou diante de uma nova e inesperada personagem, a atriz Norma Bengell. Explorando o método de “cruzamento de arquivos” (Lindeperg), que temos implementado e desenvolvido nos últimos anos, abordaremos a trajetória incendiária de Bengell e sua vinculação com as imagens. Da cena emblemática do filme Os cafajestes (1962, Ruy Guerra), passando pela sua participação no vídeo Inês e chegando ao registro em que Norma filma a libertação de Inês Etienne, reconhecemos uma política das imagens que se manifesta pelo erótico, onde desejo e desprezo são antes de tudo uma questão política. |
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Bibliografia | BENGELL, Norma. Norma Bengell. São Paulo: Versos Editora, 2014 |