ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O "Ma", e os silêncios absolutos nos filmes japoneses de fantasmas |
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Autor | Demian Albuquerque Garcia |
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Resumo Expandido | O conceito japonês "Ma" pode-se explicar, em termos ocidentais, como uma espécie de "espaço intermediário, "entre-espaços", "interstício", que está muito presente no cotidiano da cultura japonesa. "O Ma, enquanto possibilidade, associa-se ao “vazio”, que, distinto de uma concepção ocidental cujo significado é o nada, é visto como algo do nível da potencialidade, que tudo pode conter, e, portanto, da possibilidade de geração do novo." (OKANO, 2014) O compositor Toru Takemitsu, muito influenciado por John Cage, incorporpou a importância dos silêncios em seu trabalho, aproximando essa ideia ao conceito de "Ma". Observamos uma grande utilização de silêncios no cinema japonês, que se produzem de maneiras diferentes: enquanto alguns se traduzem por pausas entre diálogos, trazendo frequentemente a sensação de invadir a diegése, outros são percebidos a partir da reverberação de sons ou à ênfase dada aos sons da natureza; outros ainda correspondem à silêncios absolutos, quer dizer, um vazio sonoro. O cinema japonês nunca se constrangeu de utilizar esse tipo de silêncio em seus filmes. No entanto, o silêncio absoluto do dispositivo, esta supressão total do som da trilha sonora, não é geralmente aceita no cinema ocidental. Se nos anos 1950/1960 ele era parcialmente mascarado pelo ruído película que preenchia o espaço sonoro, ele é, ao contrário, trazido à tona no cinema contemporâneo no Japão após a chegada da tecnologia digital. Não é surpreendente encontrar silêncios substanciais nos filmes de Hirokazu Koreeda, Naomi Kawase, Ryusuke Hamaguchi, etc. Entretanto, nos filmes de fantasmas, estes silêncios causam desconforto e um mal-estar no espectador que, em vez de pensar em uma falha técnica vê no vazio sonoro um caminho para uma manifestação fantasmagórica. As peculiaridades desse e outros silêncios, e seu papel na construção de emoções nos filmes, pegando como exemplo obras de Kiyoshi Kurosawa, Hideo Nakata e Takashi Miike, serão exploradas nesta comunicação. |
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Bibliografia | BROWN, Steven T. Japanese Horror and the Transnational Cinema of Sensations. New York, NY: Palgrave MacMillan, 2018. |