ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Dança e ritual na obra de Maya Deren |
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Autor | Cristian Borges |
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Resumo Expandido | Defensora de uma dança filmada que escapasse ao mero registro de uma performance, Maya Deren explorou como poucos, no âmbito do cinema, a noção de “geografia criativa” (Kulechov) e a natureza performática (e não patológica) do transe e da possessão, enfatizando seus aspectos coletivos, sociais. Mais afeita à psiconeurologia de Bekhterev do que à psicanálise freudiana, por influência direta de seu pai, o psiquiatra Solomon Derenkovsky, ela conjugou técnicas sociais e atividade mental tanto em suas reflexões teóricas quanto em sua prática cinematográfica, fazendo as sensações subjetivas de suas personagens corresponderem a trucagens fílmicas objetivas. Nesse sentido, Deren propôs, em seus filmes, uma forma ritualística – fruto do período em que foi assistente da coreógrafa e antropóloga afro-americana Katherine Dunham, cujo trabalho era voltado à cultura caribenha e à mitologia do vodu haitiano –, ao estabelecer a despersonalização do indivíduo no interior de um complexo dramático em prol de um entendimento coletivo de transformação. Pois, por um lado, o que lhe interessava retratar era, muito mais do que a dança, o conjunto de movimentos corporais; e, por outro lado, o que lhe parecia mais caro era garantir a integridade, não do movimento em si, mas da imagem do movimento, através de experiências com procedimentos cinematográficos, numa deformação necessária da dança e da movimentação originais. Ao retirar o dançarino do teatro, “oferecendo-lhe o mundo como palco”, Maya Deren explorou incansavelmente as possibilidades de um “coreocinema” (Fuller Snyder) ou de uma “dança como cinema” (Greenfield) – impossível, portanto, de ser vista ao vivo –, na ânsia, em última instância, por “criar dança a partir de materiais não dançantes”. |
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Bibliografia | COHEN, Selma Jeanne; LEABO, Karl (ed.). Dance Perspectives, n. 30 – “Cine-Dance”, verão de 1967. |