ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Construção visual de personagens em Garrincha,alegria do povo e Heleno |
|
Autor | Maria Fernanda Riscali de Lima Moraes |
|
Resumo Expandido | Em Garrincha, alegria do povo (1962), documentário dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, acompanhamos o desempenho do jogador na copa do mundo de 1962 e em cenas que tentam nos aproximar da intimidade do ídolo: sua origem e vida anterior ao futebol, sua relação com a esposa, filhas e amigos. O filme é uma tentativa de desconstrução do mito a partir de imagens de um homem comum. Heleno (2012), por sua vez, longa-metragem de ficção dirigido por José Henrique Fonseca, é uma cinebiografia não sobre o homem, mas sobre o mito do jogador, interpretado pelo ator Rodrigo Santoro. A partir de gêneros e linhas narrativas distintas, Mário Carneiro e Walter Carvalho, respectivos diretores de fotografia das obras, fazem escolhas técnicas e plásticas para a construção visual dos personagens e da narrativa. Dessa maneira, a pesquisa avalia de que forma a escolha de lentes, a profundidade de campo, a composição, o desenho de luz, o contraste convergem para a construção visual da narrativa e dos personagens nos dois filmes. Apesar de Garrincha, alegria do povo objetivar a desconstrução do mito e Heleno objetivar sua construção, em ambos os filmes testemunhamos a criação visual dos personagens de “fora para dentro”, ou seja, observamos seus comportamentos e atitudes, sem que haja uma investigação sobre suas reais motivações. A fotografia de cada uma das obras é coerente com o território mítico (ou não) do personagem que pretende retratar, o que pode ser constatado pelos enquadramentos, movimentos de câmera e pela iluminação. Apesar do grande distanciamento entre seus objetivos, percebem-se elementos comuns nos resultados visuais das duas obras analisadas. Utilizando a metodologia neoformalista proposta por David Bordwell no livro Figuras traçadas na luz, que analisa a narrativa e estética dos filmes a partir de seus padrões internos, a pesquisa centra-se na avaliação dos elementos formais de composição da imagem cinematográfica e também em seus aspectos de imagem técnica, que resultam em visualidades específicas. A análise toca em elementos que não são atributos diretos do diretor de fotografia. A fotografia é criada a partir do roteiro e das referências e concepções do diretor de fotografia e do diretor de cena. A parceria entre esses dois profissionais é de grande importância na realização de um filme, as funções do diretor de fotografia e do diretor de cena não são rigidamente fixadas, tampouco mutuamente excludentes, e em muitos casos é difícil separar a contribuição de cada um para o resultado final da obra. A imagem cinematográfica está ligada à representação, portanto elementos de roteiro, construção de personagens, cenografia, som e montagem também são referenciados. Segundo Jacques Aumont, “os cineastas que pensam a imagem, pensam-na como uma representação afetada por um maior ou menor coeficiente formal (...) mas sempre como uma representação” (AUMONT, 2004, p. 53). Desse modo, o estudo da imagem fílmica, ainda que focado na imagem em si, não pode deixar de lado a obra que representa, pois imagem e narrativa encontram-se atreladas. |
|
Bibliografia | AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus. 2004. |