ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Reflexões sobre um gênero: a comédia histórica no cinema brasileiro |
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Autor | Míriam Silvestre |
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Resumo Expandido | Esta comunicação tem por proposta refletir sobre formas de narrativa da história, no caso, em filmes cômicos brasileiros realizados em diferentes épocas. Aqui, a articulação entre dois gêneros cinematográficos (a comédia e o filme histórico) como meios de comunicação que veiculam imagens vinculadas a formas de percepção sobre a história. É possível elencar e refletir acerca de temas voltados para a História que foram objeto para a elaboração de comédias na cinematografia nacional. O conceito de gênero cinematográfico e suas diversas ramificações nos remete à riqueza do que se configura por trás do modelo histórico e as possibilidades narrativas quando de sua conexão com a comédia. Quais as percepções sobre a história estão sendo veiculadas nesse formato de comédia, de farsa? O que se apresenta como objeto de riso a respeito da história no cinema brasileiro? Estas foram duas questões que a todo momento se apresentarão no decorrer desta apresentação. Todas estas minúcias, detalhadas nesta teia de possibilidades, mostram-nos a riqueza do objeto de maneira a estabelecer relações entre a comédia, o cinema e a história com um enfoque vinculado à cinematografia brasileira. Dentre os autores que forneceram subsídios para costurar esta teia de possibilidades de percepção sobre o passado, Hayden White (1994) Jacques Rancière (2018) , Hannu Salmi (2011) e Robert A. Rosenstone (2010) no diálogo para pensar o cinema, através da comédia, como uma forma de pensamento histórico. Em outras palavras, refletir sobre a narrativa histórica através de um gênero bastante presente em nossa cinematografia: a comédia histórica. Esta predileção pela comédia no cinema brasileiro é justamente o eixo de análise que utilizo para pensar o gênero da comédia histórica no cinema brasileiro. As obras que optei por analisar para pensar o gênero histórico no cinema brasileiro relacionam-se ao clássico conceito de comédia no qual o herói se contrapõe ao épico, sem seu aspecto monumental (apesar de ser perseguido, como será possível perceber ao longo das análises). A respeito da representação humorística, o historiador Elias Thomé Saliba considerou que "As representações humorísticas, nas suas inúmeras formas e procedimentos, forjam-se nos fluxos e refluxos da vida, no tecido histórico e social, a atitude humorística é vista como parte indistinta dos processos cognitivos, pois ela partilha, como o jogo, a arte e o inconsciente, o espaço do indizível, do não-dito e, até, do impensado". (SALIBA, 2002, p. 28). Ao enveredar pelo campo da história humorística, Saliba destacou justamente este aspecto (a razão do riso) e o quanto seu material (a piada) nos oferece: "Piadas não são feitas apenas para rir, mas para também criar distância, para sair de dentro de nós mesmos e de nossa melancolia e visualizar, ainda que por um breve momento – o sublime momento do riso –, nossa própria impotência junto com nossa própria humanidade." (SALIBA, 2018, p. 34-35). Não é de se estranhar a força do humor no cinema brasileiro. A presença do humor se estende ao imaginário em outros diversos campos na cultura de massa na sociedade brasileira. Uma vez que nitidamente se notam a presença e a força da cultura humorística no imaginário brasileiro, não seria de se estranhar que tal abordagem no campo da narrativa sobre eventos históricos desenvolvida em determinados filmes brasileiros (casos de "Carlota Joaquina, princesa do Brazil" ou "Caramuru, a invenção do Brasil", para citar apenas dois exemplos mais notórios), o que constitui o principal objeto de estudo desta pesquisa. |
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Bibliografia | BACZKO, Bronislaw. “Imaginação social”. In: Enciclopedia Einaud. Volume 5 Antropos – Homem. Lisboa: Imprensa Nacional / Casa da Moeda, 1985, p. |