ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Cinema brasileiro e underground: diálogos e divergências nos anos 1960 |
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Autor | Theo Costa Duarte |
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Resumo Expandido | A partir de pesquisa mais ampla entorno das divergências e intercâmbios nos anos 1960 entre cineastas brasileiros e cineastas do underground estadunidense pretende-se nessa comunicação discutir os efetivos encontros e embates entre esses em mostras de cinema e debates públicos, assim como a recepção na imprensa especializada destes eventos. Os efetivos encontros entre os cineastas destas tendências ocorrem principalmente em mostras de cinema independente na Itália, que consolidam a presença e reconhecimento de ambas tendências no plano internacional. A primeira delas é a II Mostra internazionale del cinema libero em Porretta Terme, em 1962. Nessa edição foram exibidos os primeiros longa-metragens das figuras proeminentes e porta-vozes dessas tendências: Barravento, de Glauber Rocha e Guns of the Trees, de Jonas Mekas – que ganhou o prêmio principal. A recepção frequentemente positiva, eventualmente entusiasta, de ambos filmes por críticos e intelectuais italianos, em contraste com a recepção ainda fria no restante da Europa, daria o tom da crítica especializada italiana em relação ao Cinema Novo e à vanguarda estadunidense no restante da década. Na edição seguinte da Mostra del cinema libero de Porretta Terme, em 1964, ocorre a primeira grande retrospectiva dedicada ao cinema underground na Europa, organizada por P. Adams Sitney e a revista Film Culture. Os principais prêmios da mostra oficial são dados à Deus e o Diabo na Terra do Sol e ao curta-metragem Scorpio Rising, de Kenneth Anger, que polarizam a atenção de críticos de revistas como Filmcritica, Cinema Nuovo e Bianco & Nero. As primeiras divergências entre as tendências também se manifestam nessa mostra, como se pretende discutir. No ano seguinte surge um espaço privilegiado para o encontro entre esses realizadores, a Mostra Internacional de Cinema Novo de Pesaro. Surge nessa primeira edição o Comitê Internacional do Cinema Novo, reunindo cineastas como Lionel Rogosin e Glauber Rocha. Esse comitê seria responsável por algumas ações de promoção de ambas as tendências, como grandes mostras retrospectivas ocorridas em Nova York em 1967 e no Brasil em 1968. Até o fim da década as mostras de Pesaro exibiriam parte importante dos filmes do moderno cinema brasileiro e do underground nova-iorquino, incluindo os primeiros longa-metragens de Luiz Sergio Person, Arnaldo Jabor, Júlio Bresane, Maurice Capovilla, Paulo Gil Soares, Gustavo Dahl e Neville D’Almeida. Seriam também exibidos individualmente filmes independentes, próximos do underground, de Robert Kramer, Peter Emmanuel Goldman, Norman Mailer, assim como uma outra grande mostra retrospectiva em 1967, que viria a circular em dezenas de cidades italianas, organizada por Jonas Mekas. Pretende-se discutir como se deram as discussões e debates que ocorreram nessas ocasiões e como estes diretores tomaram publicamente a outra vertente cinematográfica. A partir também de críticas, artigos, entrevistas e manifestos do mesmo período busca-se traçar as posições então em disputa e discutir a construção da oposição que marcaria a avaliação dessas duas tendências no processo de politização e chamado ao engajamento no meio cinematográfico. |
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Bibliografia | A.A.V.V. Per una nuova critica: i convegni pesaresi 1965-1967, Veneza, Marsilio, 1989. |