ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Trajetórias do político no cinema brasileiro recente |
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Autor | Eduardo Paschoal de Sousa |
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Resumo Expandido | A presente comunicação busca refletir sobre a produção recente do cinema brasileiro, de 2012 a 2018, em três esferas: seus agentes, integrados ao contexto de produção por meio das políticas públicas de incentivo direto; as temáticas predominantes, em especial aquelas que se dirigem ao político; e uma rede de ruídos, mobilizada por meio da circulação dos filmes e de suas presenças nas mídias e nas redes sociais como ferramentas de debate. No que diz respeito aos agentes produtores e suas obras, percebemos o aumento significativo de longas-metragens, impulsionado principalmente por políticas públicas de incentivo direto, via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Além disso, a intensa participação dos filmes brasileiros em festivais nacionais e internacionais foi importante para a circulação e validação dos produtores e seus filmes. Como propósito comum, esses eventos serviram para chancelar a qualidade da obra, atestar que se tratavam de filmes relevantes para a produção mundial, e legitimar, de maneira mais ampla, a própria produção brasileira recente. Ao mapear as temáticas recorrentes em filmes produzidos nos últimos anos, em especial de 2012 a 2018, identificamos quatro grandes eixos, a partir do político: relações de gênero e sexualidade, em uma perspectiva das intimidades; relações de classe e de trabalho, em sua maioria por meio da representação do ambiente doméstico; reflexões sobre o político institucional, em especial a partir de 2016; e relações de raça e etnia, tanto na esfera de sua representação, quanto da representatividade de seus agentes. Na esfera das circulações, elaboramos uma rede de ruídos, que pensamos ser possível de ser mapeada a partir de reações coletivas e midiatizadas, nos aspectos que emergem dos filmes e os tornam tema de outras mídias, em perspectivas de circulação que extrapolam o próprio meio do cinema e chegam à televisão aberta; ou ainda que vão além dos ambientes de discussão clássicos da cinematografia, como os festivais e as críticas, mas se fazem presentes no jornalismo e nas mídias de maneira mais ampla. Para isso, analisamos quatro filmes produzidos nos últimos anos, que passaram a ser ferramentas do político em debates no espaço público: Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014), Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015), Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016) e Vazante (Daniela Thomas, 2017). Mesmo que em todos os quatro casos as circulações conflituosas a respeito dos filmes tenham uma ligação direta com as obras, suas interpretações se desenrolam para outros campos, se expandem às próprias circulações dos filmes e criam redes que não se ligam mais apenas pelos longas-metragens, mas também por esses ruídos. |
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Bibliografia | ESQUENAZI, Jean Pierre. Quand un produit culturel industriel est-il une “oeuvre politique”? Réseaux. Paris, vol. 3, n. 167, 2011, p. 189-208. |