ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Imagens tóxicas, a casa e o corpo em cena |
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Autor | Andrea França Martins |
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Resumo Expandido | Essa comunicação apresenta um conjunto de experimentos audiovisuais em que os realizadores se colocam em cena - seja pela voz ou o corpo - para explicitar temores, medos, dúvidas e expectativas. São propostas que surgem das limitações e constrangimentos próprios aos contextos da pandemia. Que modalidades de cinema são possíveis quando “o mundo lá fora” está proibido, que formas de expressão, de exibição e de circulação para a casa, o mundo, as imagens tóxicas? A curta duração dos filmes, aliada à exibição nas telas do computador (e não em salas de cinema), explicita o caráter de urgência dessas produções assim como o desejo de serem breves intervenções em um presente sufocante, de serem um arquivo do presente para o futuro. Além da análise dos curtas na sua dimensão crítica e estética, e das formas de exibição possíveis, a autora entrevistou os realizadores, colocando questões de linguagem, de produção e de exibição específicas a cada experimento e ainda questões relativas à pandemia (e ao bolsonarismo) da perspectiva de quem faz cinema e cultura no Brasil. Os realizadores que deram entrevista para autora - aceitando refletir sobre seus "outros filmes" - e cujos experimentos interessam à pesquisa são: Jorge Furtado, realizador de Cretinália (2020), Fernanda Pessoa e Adriana Barbosa, realizadoras de Igual/Diferente/Ambas/Nenhuma (2021), Joel Zito Araújo, diretor de O início do fim (2020), Caio Sales, realizador de Angustura (2021), Beth Formaggini, realizadora de Ar (2021), Ariela Calanca, realizadora de Também não te vejo daqui (2020), Cristina Amaral, realizadora de Vai passar (2020) e, por fim, Rubiane Maia e Tom Nóbrega, diretores de Minha bateria está fraca e está ficando tarde (2020). Ganham destaque, nos curtas e nas entrevistas/conversas, a janela da casa e sua paisagem, o corpo e a voz do cineasta, os espaços privados, os entes queridos como elenco, as telas da tevê e do computador, a consciência aguda do presente vivido, da morte e da efemeridade do filme que é feito. A presença da imaginação em meio às limitações espaciais, a suspensão da linearidade narrativa, a evocação do contexto histórico colado a uma exploração do “eu” são marcas desses experimentos. Há uma interrogação sobre o cinema, o Brasil, o mundo e o presente vivido articulados à subjetividade autoral. Sem oferecer receitas de como viver melhor neste mundo, os experimentos apenas devolvem o sentimento de perplexidade e iluminam as toxicidades que persistem no tempo. Para fins dessa comunicação, discutiremos Igual/Diferente/Ambas/Nenhuma, um curta epistolar, no seu diálogo confesso com certo cinema experimental feminino dos anos 1960/70, onde o espaço doméstico é o set de filmagem, os entes queridos e as realizadoras são o elenco e as restrições técnicas, orçamentárias e espaciais são parte do filme que é feito. A “casa” (seja em São Paulo ou Los Angeles) e os objetos do cotidiano surgem atravessados pela consciência aguda do tempo que passa e pelas imagens tóxicas nas telas de computador e da tevê. |
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Bibliografia | BLAETZ, Robin (edt). Women’s Experimental Cinema. Durham & London: Duke University Press, 2009. |