ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | A Sétima Arte: a extrema direita invade o audio-visual |
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Autor | Lucas Carlini Lespier |
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Resumo Expandido | Esta proposta propõe uma reflexão sobre os diferentes aspectos do cinema e suas conexões sociais e políticas. Como parte da série documental A Sétima Arte (2021), produzida pela Brasil Paralelo, analisamos o terceiro episódio - A teoria do parasita pós-moderno no cinema - apresentado pelos realizadores como central porque discute o caráter ideológico da produção cinematográfica cinema atual. Os sete episódios da série A Sétima Arte (2021), lançados no YouTube e na plataforma da empresa, enfocam diferentes aspectos do cinema e suas conexões sociais e políticas. Fundada em 2016, a Brasil Paralelo se apresenta como produtora de conteúdos voltados para entretenimento e educação. Sua produção de trabalhos audiovisuais se aproxima do documentário – a ser discutido à luz de Ramos (www.bocc.ubi.pt) - , abordando temas como o feminismo, a arte e o cinema. A Brasil Paralelo aparece como um dos "thinkthanks do livre-mercado" de maior impacto nas redes sociais em 2021. Em lista publicada pela revista Forbes estadunidense, é descrita como "Brasil Paralelo, a Brazilian platform that I would describe as a pro-free-society Netflix" (Chafuen, 2021). Filipe Valerim, fundador da Brasil Paralelo, apresenta cada episódio de A Sétima Arte, olhando diretamente para câmera e evocando os “medos” dos supostos espectadores, a exemplo de “assistir conteúdos inadequados”. Inadequação e medo parecem ser parte de uma estratégia para criticar, mesmo veladamente, produções supostamente calcadas em idelogias “de esquerda”. Justamente por isso, escolhemos o terceiro episódio da série - A teoria do parasita pós-moderno no cinema - que propõe uma discussão sobre o caráter ideológico do cinema atual, em clara referência ao “comunismo”, apresentado como uma doença, uma epidemia. “Comunistas, “Feministas”, são termos que tem sido acionados como categorias acusatórias pela extrema-direita brasileira, inculcando a dúvida nos neoconservadores e em alguns auto-proclamados progressistas, assim como parte da opinião pública, sobre as demandas dos movimentos sociais (Beleli, 2022). A crítica à “idelogia de gênero” (Miskolci, 2019) é acionada a partir de um estudo de caso da série de filmes Star Wars, comparando a trilogia original (1977- 1983) com a trilogia recente (2015-2019), cuja protagonista - a personagem Rey Skywalker - é tratada no documentário como uma representante das teorias pós-modernas, ilustrando os pontos nocivos da "ideologia de gênero" , apresentada como propaganda ideológica parasitária. Essas discussões tem sido viralizadas na produção horizontalizada. No entanto, aparentemente, a Brasil Paralelo é a primeira produtora empenhada em conteúdos que espelham as narrativas da extrema-direta, mas que ganham adeptos na miríade política e na opinião pública, questão que também pretendemos abordar. |
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Bibliografia | Ahmed, Sara. 2020. “Estraga-prazeres feministas (e outras sujeitas voluntariosas)”. Revista ECO-Pós, 23(3), p. 82-102 [https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i3.27642 - acesso dezembro de 2020]. |