ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Duração e presentidade no cinema estrutural |
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Autor | Hermano Arraes Callou |
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Resumo Expandido | A recepção crítica do cinema estrutural americano foi marcado por uma série de conceitos importantes desenvolvidos originalmente no contexto da crítica de arte dos anos 1960. O cinema estrutural, escreveu Adams Sitney, insistia na impressão do formato (shape) do todo e na duração da experiência do espectador (SITNEY, 2000). A integralidade (wholeness) dos formatos totais resultavam em uma certa qualidade de objeto dominante nos filmes estruturais: a objetidade (objecthood) (SHARITS, 2015). Os quatro conceitos apontados acima – formato, duração, integralidade e objetidade – remente ao célebre - e infame – ensaio de Michael Fried sobre o minimalismo, "Art and objecthood", publicado na Artforum em 1967. Esta comunicação pretende revisitar os termos da leitura “friediana” do cinema estrutural, a partir de duas orientações metodológicas determinadas: em primeiro lugar, pretendo seguir uma estratégia relativamente estabelecida dentro da fortuna crítica, que consiste em reconstruir o debate em torno do cinema estrutural a partir das oposições dialéticas que estruturam o ensaio de Fried, que se mantiveram relativamente implícitas, quando não ignoradas, nos textos críticos fundadores do debate, em especial os binários "arte e objetidade", "presentidade e duração". Em segundo lugar, pretendo seguir um caminho ainda pouco explorado na fortuna crítica, que consiste em interpretar os termos do debate retrospectivamente, do ponto de vista da obra posterior de Fried. Os conceitos que estruturam "Art and objecthood" que foram fundamentais na recepção crítica do cinema estrutural foram retomados e retrabalhados insistentemente pelo autor durante as décadas seguintes, quando sua obra sofre duas inflexões decisivas: em um primeiro momento, Fried migra do campo em que fez sua fama – a crítica de arte, de pendor modernista - para o da história da arte, a partir do qual se dedicou a estudar a pintura moderna francesa, dos anos 1750 a Manet, resultando na trilogia iniciada pelo seu importante livro sobre Diderot e a crítica setecentista, "Absorption and Theatricality". Em seu primeiro livro, Fried pretende narrar a formação da ideia de anti-teatralidade como uma orientação central para a sensibilidade moderna. Em seu percurso, o crítico descobre o processo de consolidação da composição como um conceito central para a experiência moderna da arte, oferecendo amplo material para interpretar retrospectivamente sua crítica ao privilégio do formato e da integralidade no minimalismo como uma defesa da composição. Em um segundo momento, nos anos 2000, Fried se desloca do campo da história da pintura moderna francesa para o campo da fotografia e do vídeo contemporâneos, o que possibilita a elaboração em nova chave dos problemas e conceitos que marcaram o ensaio de 1967. Em sua incursão crítica sobre o vídeo, Fried desenvolve o conceito de presentidade aplicado ao contexto das artes temporais, a partir da articulação de um par conceitual que permanecia inexplorado em sua oposição entre presentidade e duração no minimalismo: intencionalidade e indeterminação (FRIED, 2011). Em sua incursão pela fotografia, Fried retoma novamente o conceito de presentidade, desdobrando a metafísica da arte sugerida em "Art and objecthood", a partir de uma noção recuperada dos cadernos de Wittgenstein: a “visão sub specie aethernitates” (FRIED, 2007; idem, 2008). O percurso pela obra posterior de Fried permitirá retomar os termos da recepção do cinema estrutural, permitindo interpretar certos esforços do cinema do período como uma ruptura com o primado da composição e da determinação e uma procura obstinada por uma arte "sub specie durationis". |
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Bibliografia | DIDEROT, D. Ensaios sobre a pintura. Campinas: Unicamp, 2013. |