ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Sobre as propostas para o cinema negro brasileiro |
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Autor | Noel dos Santos Carvalho |
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Coautor | Teresa Cristina Furtado Matos |
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Resumo Expandido | O termo cinema negro designa os filmes escritos, produzidos e (ou) dirigidos por artistas negros (as). Suas diferentes concepções atendem aos interesses dos seus praticantes: produtores, cineastas e curadores. Durante o cinema novo, por exemplo, o cinema negro foi utilizado para designar os filmes dos jovens cineastas de esquerda interessados em retratar as condições, sociais, políticas e culturais do que entendiam ser o homem brasileiro. O cineasta David Neves escreveu o texto, "O cinema de assunto e autor negros no Brasil", no qual identificou uma "modesta fenomenologia" do cinema negro brasileiro. Nos anos 1970, ainda que sob forte censura e repressão política, versões da cultura negra vazaram através da indústria cultural incluídas ai o disco, o rádio, a televisão e o cinema. É desse período duas publicações que colocaram a questão racial no cinema em primeiro plano. Em 1976 a ativista Beatriz Nascimento publicou o artigo "A senzala vista da casa-grande" que faz uma dura crítica às representações raciais encenadas no filme Xica da Silva (1976), de Carlos Diégues. O texto tem como pano de fundo às reivindicações de representações cinematográficas antirracistas propostas movimento negro da época. Em 1979 o diretor Orlando Senna foi mais direto e incisivo no seu texto "Preto-e-branco ou colorido (O negro e o cinema brasileiro)" em que afirmou a necessidade de um cinema feito por diretores negros para expressar com autenticidade a cultura e a experiência negras. Um terceiro momento ocorreu em 1998 quando um grupo de jovens realizadores de curtas-metragens se organizou em torno do manifesto "Dogma Feijoada - Gênese do Cinema Negro Brasileiro". Em tom de provocação o manifesto propôs sete mandamentos para a fundação de um cinema negro brasileiro: 1) O filme tem que ser dirigido por um realizador negro; 2) o protagonista deve ser negro; 3) a temática do filme tem que estar relacionada com a cultura negra brasileira; 4) o filme tem que ter um cronograma exequível; 5) personagens estereotipados, negros ou não, estão proibidos; 6) o roteiro deverá privilegiar o negro comum brasileiro; 7) super-heróis ou bandidos deverão ser evitados. Em 2001, durante o 5º Festival de Cinema do Recife, outro grupo de artistas - formado por veteranos das telas e palcos - publicou o Manifesto do Recife. Ele fez uma dura crítica às representações estereotipadas do negro e reivindicou ações afirmativas em toda a cadeia produtiva do audiovisual. Embora tenham tido divulgação na época do lançamento, a sobrevida dos dois manifestos veio, principalmente, do reconhecimento e premiação dos filmes de longa-metragem lançados pelos principais cineastas dos dois grupos. Uma quarta fase ocorreu a partir de 2010 quando uma nova geração de realizadores (as) oriundos de escolas de cinema privadas, públicas e cursos livres ministrados em comunidades reivindicou um cinema negro. Aos filmes e realizadores se somaram grupos de curadores e produtores de mostras e festivais que se dedicaram a selecionar filmes e cineastas e terminam por construir sentidos diversos para as suas escolhas. Afinal, toda seleção encerra conceitos e definições. Desde então o termo cinema negro se difundiu com sentidos alinhados aos seus usos nativos. Essa mesa procura refletir criticamente sobre as diversas manifestações dos cinemas negros. |
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