ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Mistura de gêneros em Sintonia: estratégias genéricas e streaming |
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Autor | Rodrigo Cazes Costa |
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Resumo Expandido | Sintonia é uma ficção seriada brasileira, exibida pelo site de streaming de vídeos por assinatura Netflix. Narra a história de três amigos da periferia de São Paulo, Doni, Nando e Rita. Foi criada por Kond, proprietário da produtora de conteúdo Kondzilla, que atua nas áreas do audiovisual e da música. Os episódios de Sintonia são escritos por diversos roteiristas, com Kond fazendo o papel de showrunner da ficção seriada. Foram exibidas, até o momento em que escrevo este resumo, duas temporadas de Sintonia, cada uma com seis episódios, cada episódio com uma duração média de quarenta e um minutos. No Netflix a série é indexada aos seguintes gêneros: brasileiro; séries policiais; séries teen. Este trabalho tem por hipóteses: a mistura de gêneros narrativos existente em Sintonia, a partir dos enredos protagonizados por seus três protagonistas, assemelha-se àquela existente no cinema hollywoodiano (ALTMAN, 1999) e (STAIGER, 2003), desde a época áurea dos estúdios (SCHATZ, 1991), permanecendo até os dias de hoje. O objetivo da mistura de gêneros, em ambos os casos, é buscar agradar e alcançar espectros mais amplos de público; os sites de streaming de vídeos por assinatura, como o Netflix, criam os seus próprios rótulos genéricos (ALTMAN, 1999), como brasileiro, a fim de se comunicar melhor seus produtos a seus públicos. Na época áurea dos estúdios de Hollywood (SCHATZ, 1991) a produção de longas-metragens não se orientava pela filiação a um gênero “puro” (STAIGER, 2003) e, sim, partia do princípio da mistura de gêneros (ALTMAN, 1999). O objetivo dessa mistura de gêneros era conseguir alcançar públicos os mais diversos possíveis para um mesmo filme, prática que, de forma geral, permanece até os dias de hoje. A não ser em momentos nos quais a produção de Hollywood busca se aproveitar de algum gênero que esteja fazendo muito sucesso (ALTMAN, 1999). Nos dias de hoje essa estratégia de produção é aplicada, por exemplo, aos filmes de super-heróis da Marvel. A questão dos gêneros no cinema/audiovisual está associada a uma forma de produção industrial (AUMONT; MARIE, 2009). No entanto, houve algumas experiências de cinema de gênero no Brasil. Há pesquisas importantes sobre o cinema policial (FREIRE, 2011), o horror (CÁNEPA, 2008), a chanchada (AUGUSTO, 2005), etc. De forma geral o debate que havia em torno de gêneros como a chanchada, a pornochanchada, etc. era de desvalorização por parte dos intelectuais à época, sendo, hoje, revisitados e, muitas vezes, revalorizados por novos estudos acadêmicos. (RAMOS; SCHVARZMAN, 2018). Sintonia se utiliza da mistura de gêneros a partir de sua estrutura dramatúrgica, que consiste no entrelaçamento das narrativas de seus três protagonistas, cada uma correspondendo a determinado (s) gênero (s) narrativo (s). Os protagonistas de Sintonia e seus gêneros são: Nando (crime), Rita (drama) e Doni (musical). Essa mistura de gêneros, a nosso ver, aumenta o escopo de público a ser alcançado por Sintonia, criando três narrativas distintas interligadas pela amizade dos protagonistas e a sua transformação de adolescentes em adultos. O substantivo brasileiro (FREIRE, 2011), utilizado pelo site de streaming Netflix em relação à ficção seriada Sintonia para definir os gêneros aos quais pertence, não faz sentido do ponto de vista narrativo, do texto em si da ficção seriada. Entretanto, ao pensar nos gêneros a partir da ideia de que são, também, instrumentos de comunicação (ALTMAN, 1999) e rótulos (ALTMAN, 1999) que se “colam” aos produtos audiovisuais para melhor divulgá-los, o brasileiro faz sentido. Para o público brasileiro consumidor do audiovisual produzido no Brasil, brasileiro é, na maioria das vezes, um substantivo e não um adjetivo. Os sites de Streaming procuram criar as suas próprias etiquetas genéricas para se comunicar melhor com seus públicos e a utilização de brasileiro como substantivo faz sentido a partir do entendimento desse processo. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Film/Genre. Londres, BFI, 1999. |