ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O som hiper-realista sob o prisma da teoria paródica |
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Autor | Ian Costa Cavalcanti |
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Resumo Expandido | A busca pela representação do real é uma constante que se solidificou e se transfigurou a ponto de ser assinalada como a marca do século passado (BADIOU, 2007) ou como a representação vitoriosa do cinema (AGUILAR, 2006). Esta caminhada passou (e passa) por diversos processos de linguísticos e técnicos que pautaram a sintaxe audiovisual atual, determinando parâmetros de credulidade e verossimilhança. O real se tornou commodity (CARREIRO; DURAND, 2020) na narrativa audiovisual, mesmo que para tanto seja necessário parcial descompromisso com a realidade tangível. É neste aspecto que encontramos o hiper-realismo, situado entre o limiar da representatividade realista e a imersão sensorial. Com base na ideia de transcendência sensorial explicada no conceito de renderização proposto por Michel Chion (2008), as sonoridades passam a adotar nuances que ultrapassam a mimese e atingem o realismo sensório (VIEIRA JR, 2020), valendo-se para tanto de um amparo referencial, hibridismo entre o índice sonoro e as nuances da subjetividade imersiva. Ao passo que esse real se torna “mais real que a realidade” (CAPELLER, 2008), é notório o afastamento da indicialidade e proeminente paradoxo ontológico em relação ao propósito realista do som (BUHLER, 2019). A partir deste contexto é possível associar que o som hiper-realista se situa em uma conjuntura textual na qual é necessário ao expectador o reconhecimento do referencial. Embora pareça uma associação obvia, é preciso estar atento princípios técnicos como a criação em foley, ou mesmo a sons simulacros sem um referente no real tangível. Assim, o texto hiper-real depende da identificação intertextual do referencial, mesmo que entre o som e sua fonte ou contexto. Em outra via, o som renderizado carrega o texto de conotações que podem recontextualizar ou mesmo fomentar a literalidade da expressão sonora. Assim, a necessidade de reconhecimento de convenções estéticas e subversão da indicialidade remetem ao que Linda Hutcheon (1985) indica como premissas do gênero paródico, defendendo que a paródia não se trata de imitação, mas de uma recontextualização de modelos e consequente alteração de sentidos. Esta comunicação tem por objetivo traçar um comparativo entre o princípio de renderização do som hiper-real da narrativa audiovisual e o gênero paródico, compreendendo aproximações por meio do viés objetivo e narratológico de tais caminhos expressivos. A partir de revisão bibliográfica, este estudo lança olhar sobre os princípios da hiper-realidade sonora através da autorreflexão de suas matrizes técnicas e teóricas, característica da paródia moderna, sob prisma de teorias do gênero paródico de Mikhail Bakhtin (1997), Gérard Genette (2010) e Linda Hutcheon (1985). |
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Bibliografia | AGUILAR, G. Otros mundos: Un ensayo sobre el nuevo cine argentino. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2006. |