ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo e o ensino de cinema |
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Autor | Danielle de Carla Divardin |
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Resumo Expandido | Os primeiros estudos teóricos sobre o cinema surgiram ainda na década de 1910. O Manifesto das Sete Artes, publicado por Ricciotto Canudo, em 1911, é um dos precursores da análise estética da “sétima arte”. Canudo também foi o fundador do Club des Amis du Septième Arte. Criado em 1920, na França, é considerado o pioneiro do cineclubismo. Espaços que reuniam estudiosos e interessados em geral, os cineclubes tinham como finalidade, nesse início do movimento, a divulgação do cinema por meio da exibição de filmes e debates, mas também criaram condições para o desenvolvimento da crítica e da teoria cinematográfica. No Brasil, como cursos de cinema não existiam no país, os cineclubes foram os responsáveis pela formação inicial de profissionais que atuariam na produção cinematográfica nacional. Neste sentido, é pouco conhecida a experiência do Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo (CEC), cineclube criado em 1948, no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Nesta comunicação, examinaremos a atuação do cineclube em seu aspecto formativo com a criação dos primeiros cursos de cinema do país, como o “Seminário de Cinema”, o “Curso Preparatório para Técnicos de Cinema” e o “Curso de Arte Dramática e Interpretação Cinematográfica”. É também objetivo da comunicação relacionar suas atividades com contexto da época: a fundação das companhias cinematográficas, a criação de instituições de arte como o Masp e o Museu de Arte Moderna, que passou a abrigar o CEC além do Clube de Cinema de São Paulo, que se transformaria na Cinemateca Brasileira. O Seminário de Cinema, criado em 1949 no Masp pelo CEC, foi “o primeiro curso sistemático de história do cinema, de técnica e estética cinematográfica que aparecia no Brasil” (ORTIZ, 1952, p. 184). Seu principal objetivo era a formação profissional para a indústria. O Seminário continuou funcionando no Masp até 1959, mas esteve vinculado ao CEC por pouco tempo, até 1950, quando a primeira turma concluiu o curso após uma série de conferências ministradas por Alberto Cavalcanti – o cineasta retornou ao Brasil à convite do CEC/Masp especialmente para as aulas do Seminário. Em abril de 1951, o CEC criou o “Curso Preparatório para Técnicos de Cinema”, supervisionado por Alberto Cavalcanti e sob o patrocínio do Museu de Arte Moderna. O curso foi organizado em dois ciclos, um básico e um de especialização com duração de dois anos letivos. Em 1952, o curso passou a receber recursos do convênio cultural firmado com a prefeitura de São Paulo. Em agosto de 1951, o CEC abriu matrículas para o “Curso de Arte Dramática e Interpretação Cinematográfica”, sob a supervisão do diretor e também professor Ruggero Jacobbi. O objetivo principal do curso era a formação de “artistas de cinema”. A partir do curso, foi organizado o “Grupo de Teatro Experimental”, que sob a direção de Antunes Filho, montou peças para teleteatro exibidos na PRF-3, a TV Tupi-Difusora. Luís Sérgio Person, John Herbert e Célia Helena foram alguns dos alunos do “Curso de Arte Dramática e Interpretação Cinematográfica”. No final de 1952, o CEC foi denunciado por uma série de irregularidades na gestão dos recursos recebidos da Secretaria de Educação e Cultura e, por isso, o convênio com a prefeitura foi suspenso e suas atividades paralisadas. Após um acordo com o Masp, os alunos do “Curso Preparatório para Técnicos de Cinema” do CEC passaram a frequentar, a partir do segundo semestre de 1953, as aulas do Seminário de Cinema. Pouco tempo depois, o Centro de Estudos Cinematográficos foi extinto. Apesar de sua breve existência, cerca de 5 anos, o CEC teve uma proposta ambiciosa e realizou importantes contribuições tanto em relação à difusão cinematográfica, como em relação à formação técnica. Nossa hipótese é que suas atividades contribuíram para a formação de muitos jovens que se tornariam importantes cineastas brasileiros. |
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Bibliografia | GALVÃO, M. R. Burguesia e cinema: o caso Vera Cruz. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. |