ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O HUMOR E O TRÁGICO NA TRILOGIA DOS VIVOS, DE ROY ANDERSSON |
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Autor | Lucas Soares de Souza |
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Resumo Expandido | O historiador francês Georges Minois, em “História do Riso e do Escárnio”, constata: “O riso e a morte fazem boa mistura. É suficiente olhar um crânio para se convencer: nada pode roubar-lhe o eterno sorriso.” (2003, p. 29). Esse tensionamento entre o riso e a morte apontado pelo autor é um aspecto que se demonstra de forma intrínseca na poética fílmica do cineasta sueco Roy Andersson. A presente investigação constitui o recorte de uma pesquisa em construção, cujo objeto de análise é a “Trilogia dos Vivos”, dirigida por Andersson. Os filmes que a compõem são: “Canções do segundo andar” (2000), ”Vocês, os vivos“ (2007) e “Um pombo sentou num banco refletindo sobre a existência” (2014). Percebemos que as narrativas fílmicas em questão se desdobram a partir do erro e da tragicidade, enquanto elementos estruturais da condição existencial humana. Não obstante a densidade das temáticas abordadas ali por Andersson, é presente uma tonalidade de humor em suas imagens visuais, sonoras e simbólicas. O humor (vinculado ao escárnio, ao sarcasmo e à angústia) atravessa a experiência estética do espectador, seja de forma latente ou pela manifestação do riso. Porém, esse riso nos parece menos vinculado ao princípio do prazer do que a uma espécie de campo de tensionamento com a angústia suscitada pelos filmes, por meio dos processos de projeção e identificação. A pergunta norteadora do problema de pesquisa é: como Roy Andersson, elaborando poeticamente as intersecções entre a tragédia e a comédia, produz humor? No presente trabalho, são analisadas cinco cenas selecionadas dos filmes que compõem o objeto, buscando identificar como as imagens visuais e sonoras tecem sentidos e simbologias que estruturam a construção do humor por intermédio da reatualização dos tensionamentos entre o trágico e o cômico. É feita breve contextualização histórica e conceitual das concepções de tragédia e comédia, amparada no trabalho historiográfico de Minois (2003) sobre o riso, e na “Poética” (2015), de Aristóteles, obra em que o autor disserta detalhadamente acerca das tragédias gregas do período clássico. Ainda que a parte da obra dedicada a pensar a comédia tenha desaparecido quase completamente no curso dos séculos, é possível identificar pontos de conceitualização, elaborados pelo autor, destas duas perspectivas e seus desdobramentos na arte e nas dinâmicas sociais. Nosso embasamento teórico dialoga também com a psicanálise, principalmente no que concerne ao pensamento de Sigmund Freud acerca do humor. A investigação analisa a maneira como Andersson reatualiza e problematiza simbolicamente a dicotomia tragicômica, propondo imagens críticas acerca da crise existencial e relacional na contemporaneidade. A metodologia da investigação parte das análises das cenas selecionadas, buscando identificar as teias simbólicas entre suas imagens e as teorias dos autores com quais dialogamos. |
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Bibliografia | ARISTÓTELES. Poética. Edição bilíngue grego-português. Tradução de Paulo Pinheiro. São Paulo: Editora 34, 2015. |