ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Relações entre promoção e comercialização. Um estudo de caso. |
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Autor | Mannuela Ramos da Costa |
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Resumo Expandido | Os processos de realização audiovisual tendem a conformar diferentes arranjos produtivos e a produção brasileira independente tem lançado mão de vários recursos para viabilizar suas obras. Esse panorama foi impulsionado por quatro fatores principais: editais de fomento; dificuldade de compor o orçamento total das obras; aumento do número de obras produzidas no país; baixo desempenho dos filmes nacionais nas salas de cinema. Os fatores estão bastante imbricados, pois o aumento do investimento no setor impulsiona o número de obras produzidas e o aumento da concorrência, equanto este último impõe dificuldades para compor o orçamento das obras. Surge assim a necessidade de criar elementos de distinção (laboratórios, festivais, coprodução internacional) e de tentar modelos de negócio que incluam canais de TV e plataformas de streaming. Já as distribuidoras passaram a ser exigidas como interveniente nos contratos de fomento (FSA e fundos regionais). Talvez, ao engajar as distribuidoras desde o início do projeto, os patrocinadores busquem melhorar o desempenho comercial dos filmes, facilitando o retorno do investimento. Desenvolvemos uma pesquisa sobre distribuição e promoção de longas-metragens pernambucanos, lançados entre 2007 e 2016. Além de comparar o seu desempenho com os filmes nacionais nas salas de cinema, analisamos as relações entre orçamento total e de distribuição, valores de P&A e aqueles de comercialização dessas obras (várias janelas). Contextualizamos a estratégia de promoção de alguns filmes pernambucanos, considerando tempo e tamanho das equipes das suas campanhas. A opção por Pernambuco se justifica: essas obras representaram 60% do total de filmes lançados no período, concentraram aproximadamente 97,35% do público e arrecadaram R$ 8,3 milhões em salas de cinema (LESSA; COSTA, 2019). Reduzindo o corpus para os longas de ficção, foram 19 obras (59,37% do número total de lançamentos deste período), pertencentes a 14 produtoras e 11 distribuidoras diferentes. Apenas 13 obras tiveram seus dados completos de comercialização apurados e 09 completaram as informações sobre a promoção. Considerando os dados da Ancine (2020) e a classificação de Silva (2010), percebe-se a tendência de filmes de nicho (94,74% deles), sem nenhum filme de grande escala lançado no período. Mais de 60% dos filmes pesquisados dedicaram o mínimo de 9 semanas à campanha promocional (antes e durante o lançamento). Uma média de 31% dedicou de 5 a 6 semanas, e apenas uma distribuidora afirmou dedicar 3 a 4 semanas à divulgação, ambos considerados períodos curtos, pois a média é de 3 a 4 semanas de distribuição em salas. Quanto à equipe envolvida, 61,54% das produtoras tem até 08 pessoas trabalhando nos lançamentos, enquanto 23,08% informam ter de 09 a 16 pessoas. Apenas 15,38% afirmam ter equipes com mais de 17 pessoas. O orçamento de distribuição está concentrado em duas faixas: até R$100 mil (46,15%) e entre R$101 e R$200 mil (38,46%). Observando-se a relação entre os dois últimos aspectos, o filme, mesmo que de nicho, deveria ter uma média de R$ 200 mil para a distribuição, dedicando cerca de 70% desse orçamento à promoção para obter melhores resultados de bilheteria Observou-se uma relação diretamente proporcional entre o volume de investimentos no P&A e a média de público nos lançamentos: filmes que investiram menos de R$100 mil tiveram média de 7 mil pessoas; aqueles com investimento entre R$100.001,00 e R$250 mil, 24 mil pessoas; acima de R$250.001,00, mais de 355 mil pessoas. Conclui-se que a otimização do investimento em promoção está entre 50% e 70% do orçamento total de distribuição. Não se pode desconsiderar, ainda, o capital simbólico (BOURDIEU, 1979) das obras, ou seja, elementos de prestígio (SILVA, 2010), como elenco reconhecido, carreira dos diretores, reconhecimento de crítica e público, coprodução internacional e a carreira em festivais. Apresentaremos mais detalhes dos filmes lançados observando os aspectos levantados até aqui. |
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Bibliografia | ANCINE . Agência Nacional do Cinema. OCA – Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual. Ancine. Acesso em: 25. mai.2022 |