ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O cinema dos simulacros de Brian De Palma |
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Autor | Fernando Oriente |
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Resumo Expandido | Este trabalho pretende abordar a valorização da potência do simulacro no cinema, processo teorizado por Gilles Deleuze (2009) e retomado por Leyla Perrone-Moisés (2005), e a relação entre este conceito e o cinema de Brian de Palma, sobretudo no filme “Dublê de Corpo” (1984). Pretendemos, ainda, demonstrar de que forma a crítica cinematográfica pode ser compreendida como um modo de renovação das teorias do cinema. Para tanto, utilizaremos como referencial teórico alguns textos de diferentes críticos sobre o cinema de Brian De Palma. São textos que abordam outros longas do cineasta, mas que dialogam com “Dublê de Corpo” ao tratarem das estruturas características dos filmes e das particularidades da construção fílmica utilizadas pelo diretor, que se repetem e se renovam em seu cinema. Brian De Palma pode ser considerado como um realizador em que uma arte do simulacro opera como força central em suas obras. Em seus filmes é possível identificar alguns procedimentos discursivos, narrativos e estéticos em que os usos da linguagem cinematográfica estão a serviço da produção de imagens-simulacro e narrativas-simulacro. Em “Dublê de Corpo” a diegese invoca elementos narrativos e discursivos que não estão presentes nas cenas, mas que constantemente tem referenciais em outros cinemas, outros filmes – não apenas de De Palma –, mas principalmente daquele que é o ponto de origem, o fundamento de sua obra: os longas de Alfred Hitchcock. Em cada um de seus filmes De Palma remete o espectador (e a própria narrativa e suas imagens) à obra de Hitchcock. Portanto, para Brian De Palma, Hitchcock é a principal fonte da criação de seus simulacros. “Dublê de Corpo” evoca dois filmes seminais de Hitchcock: “Janela Indiscreta” (1954) e “Um Corpo que Cai” (1958). Mas retoma-os a partir de uma apropriação inventiva, operando uma construção fílmica em que ao mesmo tempo que remete a seu cineasta fetiche, o reconfigura distorcendo-o, ou seja, dentro da potência criadora do simulacro. Assim, De Palma emula seu cineasta fetiche não por meio de processos simplesmente miméticos, mas pela construção de cenas, narrativas, situações dramáticas e histórias que são reconfiguradas por meio de imagens-simulacro criadas por ele e que operam como se fossem imagens originais. O cineasta cria imagens que remetem a outro cinema, aquele de Hitchcock. Portanto, o simulacro é a potência pela qual o cinema de De Palma se materializa. Ao promover, por meio de sua mise em scène, as forças contidas no artifício do simulacro, o diretor eleva “Dublê de Corpo” a um objeto estético de gozo puro, que se dá por meio de um processo dialético da assimilação e não-assimilação de imagens arrebatadoras. Assim, seria possível afirmar que o cinema de Brian De Palma é o devir do simulacro. |
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Bibliografia | ANDARDE, B. Brian De Palma: mal visto, mal dito. Revista Contracampo, 2003. Disponível em: http://www.contracampo.com.br/47/depalmaldito.htm. |