ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O pioneirismo da atriz Apolônia Pinto na exibição cinematográfica. |
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Autor | Lívia Maria Gonçalves Cabrera |
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Coautor | Ryan Brandão Barbosa Reinh de Assis |
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Resumo Expandido | Em 21 de junho de 1854, o Theatro São Luís – localizado na capital do Maranhão – recebeu a peça “O tributo das cem donzelas”. Dentre os integrantes do elenco, o casal Feliciano da Silva Pinto e Rosa Adelaide Marchezy, que aguardavam a chegada da sua primeira criança. Devido ao início das contrações do parto, Rosa não conseguiu finalizar a sua participação no espetáculo daquela noite. Em um dos camarins do estabelecimento, ela deu à luz a uma menina, que foi registrada com o nome de Apolônia Pinto. Desde a sua infância, Apolônia mostrou um grande interesse pela interpretação. Seguindo os passos dos seus genitores, ela estreou nos palcos aos doze anos de idade. Com o passar do tempo, o seu talento foi sendo reconhecido nas principais casas de espetáculos do país, o que fez com que ela se firmasse como uma das mais respeitadas atrizes brasileiras da época. Em setembro de 1896, ao lado do seu companheiro Germano Alves da Silva, também ator, Apolônia embarcou em um navio para a Europa em busca de tratamento para um problema de surdez que começava a afetar seriamente o seu trabalho. Segundo Máximo Barro (2000), nos teatros de Lisboa e do Porto, o casal foi apresentado ao cinematógrafo desenvolvido pelos irmãos Lumière. Fascinados com o projetor, que era considerado a última novidade, eles voltaram para o Brasil em abril de 1897 com um exemplar. O aparelho passou então a integrar a programação dos espetáculos da companhia montada por eles. Nesse sentido, a nossa apresentação pretende reconstituir a trajetória de Apolônia durante o curto período em que ela também atuou como exibidora ambulante. Entre 1897 e 1899, foram realizadas sessões em, pelo menos, 21 municípios das Regiões Sul e Sudeste, sendo que alguns deles foram visitados mais de uma vez. É notório que, ao longo dos últimos anos, ocorreu em nosso país um crescimento do número de pesquisas que buscaram trazer à tona o trabalho realizado por mulheres nas mais diversas áreas do cinema. Desenvolver esses estudos não é uma tarefa fácil já que, por muito tempo, a atuação feminina foi silenciada, minimizada, ocultada e ofuscada por figuras masculinas, que receberam todo o destaque. A nossa proposta busca, portanto, se somar as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas sobre o trabalho das mulheres no cinema. Ainda que, até o momento, não exista nenhuma pesquisa de fôlego sobre o desempenho de mulheres na etapa da exibição, é possível encontrar alguns exemplos na História do Cinema Brasileiro. Assim, o pioneirismo de Apolônia chama a atenção. Como é comum em muitos casos de atrizes, produtoras, técnicas, o reconhecimento do esforço laboral está atrelado ao homem. Nesse caso, de Germano Alves da Silva. Apolônia teve seu reconhecimento apenas como a grande atriz que era, como aconteceu com muitos outros casos de mulheres que desenvolviam outras atividades, principalmente mais técnicas, mas tiveram suas trajetórias apagadas. Com um olhar atento, é possível encontrar vestígios de atividades femininas em outras esferas além da atuação, dando visibilidade a outras figuras do cinema e auxiliando na reescrita dessas histórias. Soma-se a isso o fato da história da exibição no Brasil ser deixada de lado pela historiografia mais canônica, sendo um campo rico a ser explorado. Nesse sentido, a nossa proposta está inserida no campo nomeado por João Luiz Vieira (2021) como “histórias de cinemas”. De acordo com ele, a partir dos anos 1980, ocorreu uma revisão do olhar hegemônico da grande História do Cinema com o objetivo de descentralizar o foco mais tradicional das pesquisas sobre os filmes e seus diretores para uma apreciação de outras questões relacionadas à distribuição, exibição e recepção, nos mais diversos cenários econômicos, culturais, sociais e temporais. Assim, explorar a inédita trajetória de Apolônia Pinto no campo da exibição é unir forças para trazer à tona diferentes invisibilidades, ampliar o campo dos estudos e abrir caminhos para novas escritas. |
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Bibliografia | BARRO, Máximo. Na trilha dos ambulantes. São Paulo: Editora Maturidade, 2000. |