ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Representações da tortura no cinema contemporâneo à Ditadura Civil-Mil |
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Autor | Igor Araújo Porto |
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Resumo Expandido | Um tema premente para toda a ficção no século XX foi a questão do irrepresentável. Tanto por um viés mais técnico, do que é possível de ser representado por determinado meio ou estética, em Lyotard (1988), por exemplo, quanto por uma discussão um pouco mais ética, do que é passível moralmente de representação. Agamben (2008) e Ranciére (2011), vão apontar para essa discussão pensando nas questões ligadas à Shoá: até que ponto é possível discutir esta experiência tão traumática através da representação? Que tipo de estética ou discurso pode dar conta de um acontecimento tão radical? Na história do Brasil, colocam-se várias situações semelhantes em que a representação de certos temas fica no limite entre vedação legal (censura, tabu), convencional (não é de bom tom levar certas imagens à tela de cinema) e ética (até que ponto a inclusão de uma violência em tema é uma estratégia de sensibilização ou de dessensibilização?, por exemplo). Temas como a miséria, a fome e o crime exercem, por um lado, um certo fascínio por parte de cineastas e intelectuais, por outro, estabelecem-se profundas discussões sobre a pertinência da produção de certas imagens. Também em uma esteira de indagação estética, o que é aceitável bastante em determinados contextos históricos. De um modo geral na literatura sobre o cinema brasileiro, aponta-se para uma violência prescritiva nos anos 1960, uma violência mais simbólica em função da censura nos anos 1970 (XAVIER, 2012), correntes naturalistas, como o chamado “naturalismo de abertura” (LEITES, 2020) e correntes espetaculares (BENTES, 2007) a partir dos 1980. Nesta lógica, a tortura também se configura como um destes temas vedados à representação. A dificuldade em abordar as temáticas somada a uma necessidade de se falar sobre e aos limites da ficção em conseguir reconstituir as crueldades sofridas tornam as cenas de tortura um tabu, tanto em círculos que tentam apagar essa história quanto nos que querem que ela seja lembrada de forma concreta. E, no entanto, estas imagens perduram driblando as formas de vedação. Nesta comunicação, buscarei responder: que modos estéticos são mobilizados para representar o “irrepresentável” da tortura ligada ao regime militar durante a época da ditadura? Para tal, parto da definição de naturalismo para Deleuze (2020) e Leites (2020) e de um “irrepresentável” em Agamben (2008) e Ranciére (2011); depois discuto os modos de representação da tortura no período da ditadura militar a partir de revisão biográfica de outros autores que exploraram o tema; por fim apresento um apanhado de filmes que possuem cenas de tortura e discuto como elas aparecem principalmente em: Os Inconfidentes (1972, Joaquim Pedro de Andrade), Lúcio Flavio - O passageiro da agonia (1976, Hector Babenco), Pra frente Brasil (1982, Roberto Farias) e A freira e a tortura (1983, Ozualdo Candeias). Ressaltando que o objetivo aqui não é fazer uma comparação entre esses modos, nem estabelecer uma historiografia. Esta proposta é baseada em um artigo desenvolvido para disciplina cursada em 2020 e se relaciona de maneira tangencial ao projeto de tese de doutorado “O som como marca estética do processo: A inserção do som direto brasileiro de ficção”, uma vez que muitos dos filmes abordados na comunicação foram pioneiros do uso da tecnologia e as temáticas da denúncia e da transposição da memória das atrocidades cometidas pela Ditadura Civil-Militar são argumentos importantes para a defesa do uso do som direto naquele momento. O projeto conta com auxílio de bolsa CAPES, sendo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM-UFRGS), sob orientação da Prof.ª Drª Miriam de Souza Rossini. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer III: O que resta de Auschwitz - O arquivo e a |