ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Tecendo corpo, imagem e gesto em tempos de ruínas |
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Autor | andrea de arruda ferraz |
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Resumo Expandido | Partindo da criação e produção do filme “AGORA” (2020), lançado no Olhar de Cinema de Curitiba e exibido em diversos festivais, compartilhamos uma pesquisa atravessada pelas noções de corpo, gesto e imagem. Teoria e prática entrelaçadas, como uma tessitura, para compor esse estudo que se pergunta: do que uma imagem é capaz? Qual o gesto possível da imagem? Podemos pensar numa imagem-corpo? Numa imagem tentacular? Numa imagem gesto? Uma imagem-corpo como proposta fabular para pensar novos tempos? Aqui, pesquisa e filme nascem de uma angústia contemporânea: a hiper-exposição imagética, anestesiante, que vivemos. Em “Sociedade do Espetáculo”, Guy Debord nos explica que uma sociedade do espetáculo não é apenas aquela invadida por imagens mas, sobretudo, aquela na qual a vida real é tão pobre e fragmentária que aos indivíduos só cabe contemplar e consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes faz falta em sua existência. Se algum dia a imagem se constituiu a partir de uma ideia de verdade, hoje, se transformou em instrumento de adormecimento, nos afastando de quem somos para sonharmos com o que não somos. Seu estatuto precisa ser repensado, porque pensar sobre o gesto possível das imagens, nos tempos atuais, é pensar quem somos, o que nos constitui enquanto sociedade e enquanto sujeito. Filme e estudo movidos pela urgência desses tempos, nascendo da mesma angústia e construindo caminhos de compartilhamento e troca entre a escrita e a imagem; a oralidade e o corpo; o sujeito e seu objeto. Uma cartografia do processo criativo de um filme, que nos leva a pensar sobre quais imagens queremos produzir e quais imagens precisamos combater. Unir prática e teoria como caminho para a produção de pensamento, não mais a partir do distanciamento formal sujeito-objeto, mas, pelo contrário, percebendo-se em contato com o “objeto”, deixando-se atravessar por ele e o atravessando de volta. “No lugar de o que é isto que vejo? Um como eu estou compondo com isto que vejo?” (BEDIN, 2014. p.70.) A pesquisa reflete sobre o processo de dirigir e montar do filme AGORA (2020), lançando luz sobre dilemas enfrentados e escolhas feitas em diversas etapas da produção, bem como uma reflexão acerca do poder das imagens. O filme em questão, a partir de um dispositivo muito simples, convida 13 artistas a se lançarem numa caixa, onde performam suas dores, memórias e sentimentos, na experiência do tempo presente, acionando na imagem a possibilidade de uma imersão e uma sensorialidade que nos convida a ver não só com os olhos, mas com o corpo inteiro. É sobre esse gesto na/da imagem que o estudo discorre como busca a ser empreendida. A imagem como instrumento de encontro com nossos corpos e existências, nos acordando da anestesia do espetáculo, porque precisamos, urgentemente, voltar a ‘estar-no-mundo’, e o corpo é um caminho para essa reconexão com quem somos, aqui e agora. Tecendo uma costura entre os pensamentos de Agamben (2018) sobre o gesto como potencia do corpo em devir; a imagem encarnada de Mondzain (2009); o corpo sem órgãos de Artaud (2020); o corpo chthónico de Haraway (2019), entre outres; o estudo se coloca o desfio de pensar a imagem como gesto possível do presente, resgatada desse aprisionamento anestesiante, fazendo-nos cada vez mais pensar sobre quais imagens nos libertam e quais nos aprisionam. Teoria e prática como instâncias aliadas na construção de uma busca sobre a imagem e seu gesto em devir, sua potência. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. Notas sobre o gesto. Artefilosofia, n.4, Ouro Preto, jan. 2008, p. 9-16. |