ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Practice based research e o roteiro audiovisual na academia |
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Autor | Luiz Augusto Duarte Dantas |
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Resumo Expandido | Já em 1994 Roy Armes realçava a importância de se estudar e focar mais o texto que é o roteiro cinematográfico, lembrando que as técnicas empregadas pelos teóricos do cinema eram em sua maioria advindas da teoria literária e portanto diziam respeito a obras que tem existência única como forma escrita e que a própria existência primeira em texto de uma obra audiovisual foi largamente ignorada. Muito antes de qualquer um chamar ação, a estrutura dramática do filme, da obra audiovisual existe nas palavras do roteirista, que determinam a ação não somente no sentido descritivo, com as rubricas e o diálogo, mas também com uma clara aplicação de uma estrutura dramático/narrativa, geralmente sem recorrer a vocabulário muito mais técnico do que aquele utilizado em uma peça teatral. (ARMES, 1994, p. 45). A tendência para aceitação de roteiros cinematográficos como objetos de pesquisa é parte de um movimento relativamente recente que, entre outras coisas, revaloriza o trabalho do roteirista mas que, além disso, insere esta produção como pesquisa acadêmica. Dallas J. Baker, em artigo publicado em 2016 intitulado The screenplay as text: Academic scriptwriting as creative research (BAKER, 2016), faz um histórico destes tensões e mudanças. Segundo ele, a tendência a incorporar roteiros audiovisuais produzidos no ambiente acadêmico como prática criativa e de pesquisa, tem sido crescente ainda que se apresentem resistências. O primeiro obstáculo surge a partir da percepção de que um roteiro audiovisual é uma peça intermediária e não uma obra criativa acabada. O segundo vem da percepção de que o roteiro comercial opera em sua criação de forma colaborativa e dentro de processos e procedimentos mais padronizados, e isso vem negar a integridade autoral. O terceiro vem do fato de se perceber roteiros como artefatos altamente estruturados e se forem vistos somente como projeto ou blueprint para uma produção posterior, passam a ser julgados como obras técnicas e não documentos criativos. Associado a isso a camisa de força da formatação seria um limitador da criatividade. (BATTY et al., 2015) Por ser supostamente visto como um documento técnico cujo público alvo é a equipe de produção, este formato, ou a sua resultante, o roteiro em si, deixa de ser visto por alguns como obra única criativa ou de pesquisa. No movimento para considerar e entender como estudar o trabalho de produção de roteiros, especialmente dentro do ambiente acadêmico, Baker coloca como marco na mudança de ponto de vista, a publicação de uma edição especial de Text: Journal of Writing and Writing Courses, concebida e publicada por ele e Debra Beattie, em resposta à falta de roteiros publicados por roteiristas trabalhando dentro do ambiente acadêmico. O “Scriptwriting as Creative Writing Research” de 2013, foi uma coleção de roteiros de acadêmicos australianos disponibilizados na revista, que é uma revista acadêmica de acesso livre. Craig Batty indica a publicação como evidencia de que agora é possível falar em Screenwriting Studies, uma nova disciplina que explora o trabalho de roteiro como uma atividade e não mais somente como produto final (BATTY, 2014). Preocupado em definir um local para o trabalho e estudo do roteiro audiovisual na academia, Baker conclui que "ainda que seja verdade que o roteiro não tenha encontrado um lar fácil na Escrita Criativa, podemos argumentar que ele está melhor situado neste domínio, do que na área de Produção de Cinema ou Televisão". (BAKER, 2016). Este trabalho visa problematizar esta colocação e levantar questões sobre a prática da escrita de roteiros audiovisuais na academia e seu estudo. |
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Bibliografia | ARMES, R. Action and Image - Dramatic Sctructure in Cinema. Manchester: Manchester University Press, 1994. |