ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Cartografia e cinema: abordagens para a análise fílmica |
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Autor | Alexandre Nakahara |
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Resumo Expandido | Este trabalho propõe analisar e colocar em perspectiva a comparação entre cartografia e cinema. Essa aproximação foi tratada especificamente por autores como Giuliana Bruno (2018), Tom Conley (2007) e Teresa Castro (2008), mas se levada adiante, a comparação também abre possibilidades de análise fílmica que ensaiam uma teoria do cinema mais abrangente. O objetivo é destacar alguns estudos que se dedicaram a essa comparação, demonstrar suas principais similaridades e diferenças e expandir outros aspectos pouco explorados nessa bibliografia existente. A cartografia torna-se uma importante ferramenta para análise nas ciências humanas a partir do momento em que foi colocada em local de destaque no movimento de renovação da geografia nas últimas décadas. Essa chamada “virada espacial" trouxe à tona a análise do espaço para o campo das artes e também do cinema, algo que ganha relevância em meio a discussões sobre o Antropoceno (LATOUR, 2020) e a escassez de recursos naturais. Por isso a comparação do cinema com a cartografia e os mapas, instrumentos ricos em elementos estéticos e que já foram utilizados para fins tão diversos (e similares ao cinema) como dominação de territórios, construção de identidade e produção de espaços requer atenção. Este trabalho busca em primeiro lugar demonstrar como algumas abordagens existentes sobre cinema e cartografia oferecem ferramentas que podem ser utilizadas de modo estratégico para a análise fílmica. Os três autores citados que trataram especificamente dessa relação, por exemplo, apresentam possibilidades de análise diversas entre si. Em Tom Conley (2007) há a análise da utilização de mapas diegeticamente nos filmes para a construção de temporalidades e significados múltiplos, Giuliana Bruno (2018), por sua vez, utiliza-se dos mapas para a genealogia de uma espacialização das emoções que propõe para o cinema, enquanto Teresa Castro (2008) busca uma “razão cartográfica” do cinema. Mas por ainda oferecer espaço para expansão nessa diversidade, esse estudo ensaia também algumas outras possibilidades para a comparação. Os mapas, assim como os filmes, são tomados como formas de representação, construção e produção de espaços. Mas para além dessas relações espaciais, características específicas dos mapas podem ser tomadas como forma de análise. A utilização de escalas, projeções, distorções e as funções de localização e orientação dos mapas são facilmente transpostos para o cinema e sua linguagem. Além disso, uma arqueologia de mídias e teorias também pode apontar uma genealogia do cinema na cartografia. Um exemplo disso seria a própria aproximação do crítico André Bazin da geografia e do estudo de mapas durante sua formação escolar, algo que teria sido fundamental para a formulação de suas teorias (CORTADE, 2011). Este trabalho visa a apresentação desse panorama da comparação do cinema com cartografia, assim como a sistematização de seu possível uso em análises fílmicas e a expansão do escopo já abordado na bibliografia existente. Apesar de não se configurar fundamentalmente como uma teoria do cinema, a apresentação busca apresentar um ensaio de como essa relação pode ser frutífera para a análise fílmica. |
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Bibliografia | ANDREW, Dudley. Além e abaixo do mapa do cinema mundial. In: DENNISON, Stephanie (org.). World cinema: as novas cartografias do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2013. p. 35-50. |