ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | BaixadaCine: o cinema inventando territórios |
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Autor | Gabriela Rizo Ferreira (Catu Rizo) |
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Resumo Expandido | Nesta proposta pretendo adensar uma reflexão sobre a experiência de cinema e audiovisual que se constrói na Baixada Fluminense. A análise terá como foco a atuação do coletivo BaixadaCine, que articula formação, produção e exibição como um tripé e um modo operante intrínseco e imbricado em seu fazer audiovisual. Compreendendo que o cinema pode ser uma experiência artística, tecnológica e comunitária com potencial de reinvenção de imaginários, me interessa interrogar como as narrativas cinematográficas periféricas rearticulam conceitos, como: periferia, centro e memória. A BaixadaCine é um coletivo criado em 2016 na cidade de Belford Roxo, a única cidade do país com mais de 500 mil habitantes sem nenhuma sala de cinema, segundo a ANCINE (2019). A paixão pelo cinema foi o catalisador para a criação do coletivo que nasce com o intuito não só de realizar filmes independentes, mas também de criar espaços de formação e exibição cinematográfica na cidade. Neste caminho estético-político proposto pelo coletivo, qualquer câmera pode ser uma câmera de cinema, qualquer território pode vir a tornar-se cenário cinematográfico. Qualquer pessoa pode ser um ator. Qualquer parede pode ser uma tela de cinema. O ruído na imagem, o ruído no som é construção, escolha e condição material da realização. A performance, a metalinguagem, o afeto, o diálogo com outras mídias se imbricam em um cinema que extrapola a tela e o próprio dispositivo da sala escura. A luz em movimento opera nos espaços que se mantiveram na opacidade do imaginário estético hegemônico brasileiro, não para torná-lo transparente e sim para novos gestos de fabulação e invenção. A Baixada Fluminense é conceituada como um território periférico que carrega o estigma e o estereótipo da história única (ADICHIE, 2009), a violência em si do apagamento de sua multiplicidade. Sendo o cinema baixadense um espaço de invenção que disputa com os regimes de verdade que cristalizam de forma negativa o imaginário sobre a região. A produção baixadense vem se articulando nos últimos anos com bastante consistência. Em 2018, foi lançado o Manifesto Baixada Filma que demanda a territorialização dos recursos públicos no Estado do Rio de Janeiro para o setor audiovisual. Há um histórico importante a se destacar, visto que foi na Baixada Fluminense que surgiu e permaneceu por dezesseis anos a maior experiência de tv comunitária da América Latina, a TV Maxambomba. Experiência que também primava pelo tripé da formação, produção e exibição audiovisual nas praças públicas da Baixada. A Maxambomba, assim como a TV Olho e os cineclubes da região foram e ainda são uma verdadeira escola e fonte de inspiração para as novas gerações de realizadores da região. Esta proposta de comunicação é fruto da minha dissertação e atuação, enquanto professora e pesquisadora-cineasta, que se interessa nas relações entre cinema e cidade e na potência transformadora de expansão e criação de imaginários. A relação com a cidade pelo o cinema se dá em um microcosmo cotidiano em que modos de produção horizontais e colaborativos são experienciados e a construção dos filmes fortalecem o sentimento de pertencimento daqueles que participam de sua feitura e exibição. Os filmes e os modos de produção baixadense criam um espaço-tempo de fabulação da memória e de invenção de futuros para o território. |
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Bibliografia | ADICHIE, Chimamanda. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. |