ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Parâmetros do desenho sonoro de documentários: o filme Guerra Cultural |
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Autor | Roberval de Jesus Leone dos Santos |
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Resumo Expandido | Duas publicações recentes – o dossiê temático de DOC on-line n. 22 (DOC ON-LINE, 2019) e o livro organizado por Maia e Serafim (2019) – mostram que o som do documentário vem, também, estabelecendo o seu espaço no âmbito da pesquisa sonora do filme. Em compasso com a tendência acadêmica, a realização do documentário contemporâneo tem suscitado a hipótese de que o som, tal como tradicionalmente a imagem, é uma área que vem recebendo investimento técnico e estético crescente, como demonstram os documentários contemporâneos objetos de análise de textos como o de Juschaks (2015), Martins (2019) e Scarpelli (2019). Com base nessas duas perspectivas, esta Comunicação objetiva discutir um método para o desenho sonoro de documentários cujo projeto de desenvolvimento se encontra em andamento, a fim de contribuir com a constituição de parâmetros úteis para o estudo do som do documentário e para a aplicação dessa parametrização no âmbito da realização em documentário no momento mesmo do projeto, quando a pesquisa documental pode fornecer subsídios que permitam uma exploração do som de forma mais eficaz para os propósitos estéticos e conceituais escolhidos para a obra. O projeto objeto de prova para o método a ser elaborado é Guerra Cultural, um filme que aborda o direito à cultura por intermédio da trajetória institucional do extinto Ministério da Cultura. A pesquisa em documentário em andamento determinará o recorte necessário a um filme de cerca de 70 minutos. Além disso, o projeto inclui o plano de direção, condicionado pela pesquisa, o qual deve conter as bases do desenho sonoro, sendo este o âmbito no qual a pesquisa acadêmica discutida nesta Comunicação iluminará, ou melhor, trará os ecos e reverberações adequados à forma sonora do documentário. A preocupação com o som do filme documentário não é nova. Segundo Chaves (2016), “a trilha sonora encontrou no domínio documental, nos anos 1930 e 1940, um lugar profícuo de desenvolvimento e experimentação, no âmbito teórico e na prática fílmica”. Por isso, a prática do desenho sonoro nesse gênero tem uma historicidade relevante e se confunde com a própria natureza conceitual do documentário, que é de caráter experimental. De fato, acrescenta o autor, “esse debate é atual e tem ligação com a produção contemporânea, principalmente naquilo que se refere à quebra das funções clássicas desempenhadas pelas três pistas [da banda sonora]”. Não é senão outra a preocupação de Martins (2019) que, em sua dissertação de mestrado, parte da hipótese de que o documentário contemporâneo vem explorando o som ambiente de forma relevante: “com base nos conceitos de paisagem sonora, desenho sonoro e hiper-realismo sonoro, ao longo das análises fílmicas procuramos compreender as formas pelas quais os sons do ambiente deixam de ser usados apenas como um pano de fundo sônico das imagens e passam a constituir, por si mesmos, um recurso narrativo, produzindo sentidos e sensações”. Assim, a pesquisa explora os momentos do projeto e as peças nele utilizadas para inserir, por meio de um documento próprio, na forma mesma de um projeto sonoro, a proposta estética, narrativa e técnica do som, para imbuir o roteiro ou estrutura do documentário, bem como o plano de direção e outros documentos, dos caminhos possíveis a serem utilizados na produção e na pós-produção de documentários. |
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Bibliografia | CHAVES, Renan Paiva. Pensamentos e práticas sonoras no documentário: trilha sonora, sound design e experimentação, REBECA, jan.-jun., n. 1, v. 5, p. 61-95, 2016. |