ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O protagonismo feminino no filme Carlota Joaquina de Carla Camurati. |
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Autor | Priscila Ferreira Gomes |
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Resumo Expandido | A obra Carlota Joaquina, princesa do Brazil, Carla Camurati (1995), marcou o processo do cinema de Retomada, sendo o primeiro sucesso de público da década de 1990, com participação em 40 festivais e cerca de 1,5 milhão de espectadores. Tal conquista pode ser justificada não apenas através do conteúdo do filme, mas também, pela iniciativa de captação de recursos e distribuição do produto pelas mãos da própria diretora, pesquisadora e co-autora do roteiro, Carla Camurati. Revisar o “Carlota” é uma forma de recuperar a existência e resgatar a memória cultural do país em relação ao cinema brasileiro feito por mulheres. Analisar como a representatividade e a representação podem se relacionar em prol de um cinema feminista, levando em consideração o sucesso obtido pela diretora Carla Camurati, que trouxe o tema nacionalista por uma perspectiva histórica, expondo a forma como ela constrói o seu discurso e o significado que dá à sua personagem principal, proporcionando a construção da imagem feminina fora dos moldes narrativos tradicionais. Qual a diferença ao colocar, por exemplo, uma personagem histórica, Carlota Joaquina, como protagonista sob a ótica de uma mulher, diretora, roteirista, contando a história do seu país? É perceptível a lacuna significativa no que se diz respeito à invisibilidade histórica que é dada às mulheres no cinema, e um dos principais objetivos da teoria feminista do cinema é o de desconstrução dos fundamentos que direcionam diferentes possibilidades de interpretação dos filmes, como também estabelecer um percurso histórico da presença da mulher no cinema. Reagir ao poder centralizador masculino, é um jeito de subverter as marcas ideológicas nas quais sustenta se historicamente o cinema nacional. O cinema brasileiro passou, e ainda passa, por transformações quanto à linguagem e à temática. Há uma constante busca de uma estética própria na história da cinematografia nacional, que identifique a brasilidade de um país tão diverso. A partir da observação desse padrão no comportamento do cinema brasileiro, fitando o trabalho de Carla Camurati com o “Carlota”, que surgiu essa necessidade de analisar, durante o Cinema de Retomada, a mudança no estilo de narrativa, as imagens cinematográficas (onde a figura feminina se relaciona com cenário, plano, luz, figurino), as imagens representativas femininas projetadas na tela. Importante observar também, até que ponto a abordagem da temática feminina pode comover e transformar a representatividade da mulher de cinema para suas espectadoras e para uma nova forma de contar a história do cinema nacional. Durante muito tempo, o estereótipo criado para representar a mulher no cinema, sejam as personagens, ou a técnica, obedeceu a vínculos, simbologias e regras impostas pela sociedade brasileira no seu contexto social e cultural misógino. Vista disso, ao longo da história as mulheres tiveram que suprimir a própria singularidade para poder participar de um local que, a priori, não é direcionado a ela. É através da representação do feminino, antes recusada, que o cinema de autoria feminina encontra uma forma de criar espaços para a sua execução se tornar possível. Ao passo que a sociedade muda, as formas de representação das experiências femininas vão ganhando mais extensão. É nesse processo de escrita de sua história, associada à memória e ao não apagamento de suas conquistas, que a representação da mulher, de forma verossímil no cinema, ganhou espaço. Mas ainda há muito que se edificar. O objetivo é contribuir para o fortalecimento da luta para demarcar o espaço feminino num ambiente ainda frequentemente hostil e dominado por homens. Lançando luz às cineastas, às experiências das atrizes, e ao diálogo com o público feminino, para que possamos diminuir essas trajetórias obscurecidas, até aqui quase completamente apagadas na historiografia do cinema brasileiro. |
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Bibliografia | CALLIGARIS, Contardo; HOMEM, Maria. Coisa de Menina?: Uma conversa sobre gênero, |