ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Celulóide com notícias do Brasil: cineclubismo, crítica, cinematecas |
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Autor | Pedro Plaza Pinto |
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Resumo Expandido | Desde da perspectiva de pesquisas recentes, o estudo da crítica e das revistas de cinema em Portugal destaca o ideário e reflete sobre a presença do cinema italiano, particularmente neorrealista, em Portugal (HENRY, 2006), e sobre as tramas descontínuas desta questão ao incluir certos eixos da Literatura dentro do cinema português e a seus influxos de modernização (SALES, 2010). Também a própria definição de corpus e suas amplitudes foram questionados por extensas pesquisas sobre o novo cinema (CUNHA, 2018). O Cinema Novo registrado e publicado pela geração crítica que deu suporte à Cinemateca portuguesa e ao apoio da Fundação Gulbenkian ainda no século XX, agora recebe a sua devida revisão crítica sobre lugar criado para o Novo Cinema, inversão que denota a passagem para uma história-problema. O assunto cinema brasileiro está presente nas páginas da revista Celulóide. Assim como acontece no fenômeno amplo de décadas definido e estudado por Regina Gomes (2015), em termos gerais, o cinema brasileiro difundiu-se claramente, entre 1960 e 1980, com relação ao Cinema Novo. A contribuição do presente estudo é concentrar-se sobre o período dos cinco primeiros anos de existência de Celulóide, entre 1957 e 1961, para mostrar as relações diferenciais e continuidades com o período anterior, com a década de 1950, entre Brasil e Portugal. Na revista, o cineclubista Carlos Vieira envia artigos e informações desde São Paulo na sessão de cineclubes e traça um quadro sobre o cinema brasileiro e a crítica em torno da realização da I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica promovida pela Cinemateca Brasileira e apoiadores em São Paulo em novembro 1960. O número 43, de julho de 1961, é especialmente dedicado e traz o editorial específico sobre a crítica cinematográfica brasileira a partir dos documentos gerados na convenção no Brasil seis meses antes. É destacável a discussão sobre elementos da história do cinema com troca de cartas entre agentes constituintes da crítica no campo historiográfico nas páginas de Celulóide, a exemplo da troca de cartas com Alex Viany na qual investigou-se a passagem de Aurélio Paz dos Reis pelo Brasil. O estudo dos primeiros cinco anos da revista traz o desenho de tendências do cinema moderno português segundo a linha centrada no cineclubismo pelo editor e proprietário Fernando Duarte. Celulóide tem correspondentes próximos também em Espanha, Itália, França, Moçambique. Faz contato com o cinema alemão do período. No percurso que inclui a antecessora Visor, ainda realizada em Rio Maior, o objetivo da presente pesquisa foi traçar o diálogo entre a crítica cinematográfica portuguesa e brasileira com aspectos da discussão historiográfica de fundo, sobre a datação de períodos do cinema português e sobre a reivindicação de um novo influxo moderno, de um cinema novo. A remissão ao cinema brasileiro e componentes de sua crítica elabora, em Celulóide, a participação de delegação do país no I Festival Internacional de Cinema de São Paulo (1954). Ganha alcance a reprodução de artigos sobre história de cinema do Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo escritos por Paulo Emilio Salles Gomes – O Nascimento das cinematecas, Visita a Pedro Lima e Uma Nova crítica?. Carlos Vieira escreve em três partes um “Panorama histórico dos cineclubes do Brasil”. O estudo passo a passo dos artigos e da inserção da revista conduzem à compreensão do processo do cineclubismo português articulado com o contato internacionalista de emergência das cinematecas, de projetos editoriais e de festivais de cinema. A resultante do projeto inicial da revista portuguesa inclui o interesse pela modernização da crítica brasileira. Fernando Duarte e Carlos Vieira repercutiram, de um lado a outro do Atlântico, o clima de transição do período nacional-desenvolvimentista. Em primeiro plano, em relevo, esteve o trabalho da Cinemateca Brasileira no período. |
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Bibliografia | AREAL, Leonor. Cinema português. Um país imaginado. 2 volumes. Lisboa, Edições 70, 2011. |