ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Filme Demência, cidade e alegoria. |
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Autor | Cauê Costa Soares |
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Resumo Expandido | Nesta pesquisa buscamos avaliar como se dá a representação da cidade de São Paulo em Filme Demência de Carlos Reichenbach e se podemos encará-la como uma alegoria do período histórico dentro do Conceito de Ismail Xavier. Assim, em primeiro lugar partiremos da ideia de cinema e cidade na história do pensamento. Sabemos que há uma quantidade relevante de material sobre esse tema. Por exemplo, filmes como Berlim sinfonia de uma grande cidade de Ruttman, ou ainda Metrópolis de Fritz Lang. Ou também, na filmografia nacional temos grandes exemplos como São Paulo sinfonia da metrópole que tem um certo apreço de louvar o positivismo. E ainda, Fragmentos da Vida de José Medina. E finalmente, o clássico de Luís Sérgio Person São Paulo S.A. Obviamente, também fazemos referência aos estudos que apontam traços típicos da vida urbana e seus efeitos. No Caso, autores como Benjamin, Singer e Simmel. E sem esquecer dos trabalhos sobre cinema e cidade de Rubens Machado Jr. Assim, depois de uma visão mais geral passamos a questão da cidade e do cinema dos anos 80, principalmente no cinema paulista com as questões das representações de São Paulo nesses filmes dessa época. Principalmente, filmes como Cidade Oculta de Francisco Botelho, A Dama do cine Shangai e Anjos da noite. E logo, dentro desses conceitos não podemos deixar de lado o trabalho da Pesquisadora Andréa Barbosa em São Paulo Cidade Azul. Essa obra de estudo aponta para a existência de retratos da cidade de São Paulo que não teriam a ver diretamente com uma cidade real. Mas sim, com cidades culturais ou virtuais que seriam o espelho de seus criadores. Dialogando assim com símbolos culturais do imaginário dessas cidades. E ocorreria dessa maneira um retrato comum nessas obras de uma cidade que emana a cor azul e dotada de personagens que seriam outsiders ou que não se encaixariam em uma ordem mais convencional. Também, convém acrescentar que essas obras foram influenciadas por filmes do período dos anos 80 como Blade Runner de Ridley Scott ou Rosa Purpura do Cairo de Woody Allen. Assim, chegamos em Filme Demência, que possui uma representação de São Paulo peculiar. Obviamente, dentro do estilo do diretor que integrava o que seria uma cultura erudita e o repertório do cinema popular. Vide, o trabalho de Bruno Lottelli. Assim, recapitulando a ideia de alegoria usada por Xavier, observamos que dentro do cinema de Reichenbach já existe um traço de expressar ideias de forma simbólica e no caso de Filme Demência vemos que o diretor faz isso de maneira constante. E obviamente, ainda devemos considerar que neste filme de Carlos Reichenbach também temos uma cidade marcada por essa atmosfera desses filmes dos anos 80. Ou seja, uma cidade soturna, expressionista e o personagem principal como alguém que não se ajusta em uma ordem mais convencional. No enredo, temos um protagonista chamado Fausto, um industrial que vai a falência e que gosta de poesia. Uma referência do diretor ao mito do personagem que vende a alma para Mephisto- O Diabo. Também, utilizamos na bibliografia textos de Bernardet na questão do período do cinema dos anos 80, o texto Jovens Paulistas. E também, é muito importante mencionar a utilização das Obras de Jacques Aumont na descrição das cenas do filme para a análise fílmica em questão. Por exemplo, as obras A Imagem, A Estética do Filme e A Análise do Filme. Logo, diante disso sustentamos que a representação de São Paulo nesse filme é uma alegoria do período histórico pelos seguintes motivos. Em primeiro lugar, temos a questão do uso da cor no filme, somente cores neutras ou mais escuras como o cinzento ou cenas que beiram o expressionismo. Ou também, cenas em que temos a visualidade urbana e dos espaços do corporativo em choque com imagens de uma ilha paradisíaca e a imagem de uma menina de branco que evoca uma ideia de pureza. E a questão da referência ao mito de Fausto. Assim, sustentamos que isso tudo caracteriza uma alegoria dos anos 80, Indicando um novo momento social. |
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Bibliografia | Aumont, Jacques. A Estética do Filme. Campinas: Papirus, 1995. |