ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Formação de público e o circuito de exibição de cinema em Misiones/Ar |
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Autor | Cíntia Langie Araujo |
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Resumo Expandido | Como pensar em formação de público para cinematografias nacionais nos tempos atuais, em que a difusão de cinema parece ter se firmado nos modelos individualizados do streaming, com um domínio cada vez maior dos filmes estrangeiros? Talvez um dos caminhos possíveis seja a aproximação do conceito de distribuição aos campos da educação e das políticas públicas, voltando-se para iniciativas que operam uma democratização da fruição de cinema e, ao mesmo tempo, um maior e mais amplo acesso aos filmes independentes realizados nos países periféricos, filmes que nem sempre têm fôlego de concorrer com os produtos comerciais. Assim, a grande temática desta pesquisa é a relação entre cinematografias nacionais e seu público. De posse de uma experiência de quatro anos pesquisando distribuição alternativa de filmes brasileiros em universidade públicas, pretende-se agora cartografar experiências em um país vizinho que se destaca pela tradição e competência na realização de cinema: a Argentina. Desse modo, desejamos operar além dos grandes centros, a fim de entender os processos micropoliticamente, pelas bordas, voltando-se à uma perspectiva fora do eixo, valorizando os vaga-lumes (DIDI-HUBERMAN, 2011), olhando para a América Latina, mais especificamente para a região de Misiones, no interior da Argentina. A escolha desta localidade deve-se ao trabalho diferenciado que o IAAviM - Instituto de Artes Audiovisuais de Misiones vem realizando, uma autarquia estadual cujo objetivo é promover o cinema da região. O Instituto mantém o projeto Mirá IAAviM, um circuito de janelas coordenado pela Gerência de Exibição e Distribuição, que mantém hoje oito salas públicas, algumas gratuitas, em diferentes localidades da região de Misiones, como nas cidades de Oberá e Positos. Uma das justificativas para este recorte é a vontade de descolonizar as estruturas hegemônicas da cultura, entendendo a urgência do “abre-te-sésamo” (GOMES, 2016), isto é: a importância de quebrar as barreiras entre público e obra, voltando as pesquisas de educação do cinema para um viés que entende a distribuição como revolução, o acesso como potencializador da experiência estética e a formação de público como liberdade e empoderamento. A problemática do cinema latino-americano, hoje, envolve questões políticas, econômicas, mas, sobretudo, uma tradição cultural colonizada, advinda das dificuldades de acesso às obras. Logo, diz respeito à formação de público. “Hoje, em matéria de cinema, o público jovem é antes de tudo um alvo para os negociantes de filmes e produtos derivados que não têm a menor preocupação nem respeito pela formação do gosto das crianças” (BERGALA, 2008, p. 97). Nesse sentido, o objetivo principal do trabalho é investigar como a Argentina vem buscando garantir maior acesso a obras cinematográficas nacionais. Nos interessa colocar em marcha algo que por hora chamamos de “Miradas Hermanas”, isto é, aprender com a experiência dos hermanos latino-americanos para tentar pensar melhor a distribuição e circulação de conteúdos no Brasil. Por conta disso, nosso método cartográfico pressupõe uma investida no gesto de viajar, observar e entrevistar. Com inspiração no modus operandi do cinema documental, a pesquisa irá acontecer por meio de deslocamento até a região citada para observar as salas do circuito alternativo e conversar com as pessoas. A pesquisa de campo na região de Misiones já está agendada para ocorrer em julho de 2022, com financiamento da CAPES. Se o primeiro passo para pensar uma formação de público é garantir acesso aos cinemas nacionais, pesquisar e mapear projetos de difusão em outros países torna-se um meio de reunir dados para pensar ações e experiência a serem reproduzidas aqui no Brasil. |
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Bibliografia | BERGALA, Alain. A hipótese-cinema. Pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: Booklink; CINEAD-LISE/FE/UFRJ, 2008. |