ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Cinema e Resistência no Maranhão (1970/80) |
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Autor | Leide Ana Oliveira Caldas |
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Resumo Expandido | O espaço fílmico como lugar de resistência e memória nas décadas de 1970/80 relaciona-se com a problematização de documentos definidos pela linguagem do Cinema que nos possibilitará desse modo, examinarmos o discurso produzido pelo cinema no Brasil, mas especificamente em São Luís capital maranhense no período compreendido entre as décadas de 1970 e 1980. O tema-problema da pesquisa são os discursos produzidos acerca da dinâmica sócio histórica da cidade, a sociedade, a política e, o cotidiano, através das maneiras de fazer e dizer desses realizadores e realizadoras no período da ditadura civil-militar-empresarial no país. Dessa forma, esses filmes caracterizam “táticas caminhantes” (CASTELO BRANCO, 2007) e é através do superoitismo que os realizadores construíram representações fílmicas ao observar, caminhar, habitar e explorar a cidade com suas “câmeras andantes”, de forma panorâmica ou específica, sob a perspectiva superoitista exerceram aspectos da cidade. Na interface da historiografia com outras linguagens quanto à forma de olhar, tratar e falar acerca da vida cotidiana, dialogaremos como um campo específico denominado História e Cinema, onde se problematiza no sentido amplo as relações entre cinema e historiografia que vão para além da discussão de pensar “o filme como um documento de discussão de uma época e seu estatuto como objeto de cultura que encena o passado e expressa o presente” (CAPELATO et al, 2011, P. 10) diante da amplitude das práticas culturais de cinema. No Maranhão nesse recorte temporal, foram realizados em torno de mais de 100 (cem) filmes dentre os gêneros documentários e ficção de curta-metragem e sua maioria expressos em bitola Super 8mm. Esses registros construíram espaços de micro liberdades, portanto micro resistências construídas na materialidade do espaço fílmico condicionado pela câmera amadora de Super 8 mm e pela câmera em 16mm nos dando pistas de fragmentos materializados de memória tanto na forma subterrânea cotidiana quanto na forma emergente nos Festivais fabricados como espaços de exibição. Os Festivais eram a forma de fabricação de espaço de consumo naquele contexto de cinema amador superoitista, em contraponto à ditadura de um padrão de produção comercial dominante. O primeiro festival de cinema alternativo no país foi o GRIFE (Grupo de Realizadores Independentes de Filmes Experimentais) em São Paulo a partir de 1973, a Jornada de Curta Metragem de Salvador (surge em 1972), que em 1973, na sua segunda edição, passou a incluir na sua programação a competição de filmes Super-8. Na década de 70, é possível elencar alguns exemplos como o FENACA (Festival Nacional de Cinema de Aracaju); o Festival de Curitiba e, em 1977, a I Jornada Maranhense de Super 8. As práticas de festivais como fabricação de espaços para produção cultural superoitista. Portanto, para além da cultura superoitista que se construiu no Brasil, do norte a sul do país, essa prática de realização de cinema se dava em vários locais mundo a fora praticando o espaço fílmico como espaço de guerrilha, resistência e memória em vários contextos de repressão: “ o filme se liberta mais e mais da instituição que o governa: hoje, quando a câmera Super 8 e 16mm estão nas mãos de qualquer pessoa, não há mais censura possível, a menos que se proíba a venda de câmeras” (FERRO, 2010, p.116). Diante das práticas de Cinema sob a perspectiva transatlântica (MORETTIN, 2019), o cinema superoitista aqui pode ser problematizado também no campo emergente da História e Conexões Atlânticas mais precisamente no contexto da história “cis-atlântica”, pois: “estuda lugares particulares como localidades singulares dentro de um mundo Atlântico e busca definir essa singularidade como o resultado da interação entre particularidades locais e uma rede mais ampla de conexões-e comparações” (ARMITAGE, 2014, p. 2012). Logo é importante evidenciar a problematização das práticas de realização de cinema amador superoitistas do Maranhão. |
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Bibliografia | ARMITAGE, David. “Três conceitos de história atlântica”. História Unisinos 18(2):206-217, Maio/Agosto 2014. |