ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | CINEMA, SEMIÓTICA E EDUCAÇÃO |
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Autor | Sonia Maria Santos Pereira da Rocha |
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Resumo Expandido | Este trabalho é um recorte da pesquisa que se realiza no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) cuja origem baseia-se na criação da lei 13006/2014 que obriga a exibição de filmes nas escolas de Educação Básica por duas horas mensais. O objetivo é analisar o filme “Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011) a partir de seus elementos semióticos e dissertar sobre a necessidade desse conhecimento na formação de professores. Christian Metz (2010, p.64) define cinema como linguagem. Barros (2005, p.11) em sua definição de texto abarca o cinema. Logo, o filme seria um texto audiovisual. Para analisa-lo o instrumento escolhido foi a sociossemiótica, que vai além das justaposições de elementos combinatórios, além das articulações entre eles dentro de um discurso, e privilegia a análise dos processos de construção de sentido. Landowski preconiza que existem quatro tipos básicos de regimes de sentido e interação e que esses regimes formam um sistema e se combinam entre si. E que, de forma abrangente dão conta de analisar o caráter complexo das relações interacionais e da produção de sentido nessas relações, os regimes de presença e os regimes de sentido. O objeto de análise é um filme britânico que versa sobre a recuperação do trauma de uma mãe cujo filho mata seu marido e filha caçula, e em seguida, promove um atentado em sua escola, tirando a vida de muitos de seus colegas de colégio. A forma que os roteiristas escolheram para contar a história foi a partir do presente, através de flashes de memória da mãe que ciceroneia o espectador em toda história. A partir desse olhar são apresentados os estágios de desenvolvimento de Kevin, montando sua personalidade de forma bem pontual para o espectador. A perspectiva é incomum, o processo de recuperação da mãe e seu retorno à vida depois de um impacto avassalador. As questões que constroem esse argumento são: Como se sente a mãe de alguém que comete tais atrocidades? Como se dá o processo de reconstrução? Como a sociedade reage a ela? Ela pode ser considerada culpada? Quais questões podem estar envolvidas em casos como esse? Como lidar com um filho depois? Um dos elementos bastante explorados são as metáforas imagéticas: o sangue; a fechadura que se quebra por dentro; os olhos em close up, no escuro e com claridades externas que os força a ‘ver’; o som da britadeira como refúgio de paz; o olho que falta em Célia; a lixía que é experimentada com requinte lascivo; o nome da personagem – Eva – a primeira mulher do mito adâmico, etc. Na educação, se trata de perceber a necessidade, estabelecida pelas próprias circunstâncias da inserção do cinema na escola, de conhecimentos específicos da linguagem do cinema na formação dos professores. Trazer essas possibilidades para o currículo formativo é estar em consonância com as mudanças do mundo atual. Um mundo em que a realidade virtual e aumentada, já se fazem presente no cotidiano de muitas sociedades e brevemente, também estará na Educação. Além do fomentar a educação do olhar, que é de suma importância no processo de ‘leitura’, não só de imagens, mas de mundo (PILLAR, 2011, p.8 -10). A importância da educação do olhar na sociedade das imagens é mais que uma questão epistemológica, é uma questão de qualidade de vida, de alfabetização política para o mundo. Fischer (2002) quando analisa os dispositivos midiáticos – o cinema e filmes de TV incluídos - os denomina como dispositivos pedagógicos pela sua capacidade de produzir sentido e de criar subjetividades. “descrevo o dispositivos pedagógico da mídia como aparato discursivo (já que nele se produzem saberes, discursos)”(p.155). O cinema, segundo Fischer (2011, p.143), educa o olhar e incita reflexões, e é importante para o processo educacional que esteja dentro da sala de aula. |
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Bibliografia | BARROS, Diana Luz Pessoa. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Editora Parma, 2005. |