ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O ensino de arte por meio do cinema de animação |
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Autor | Luciano Dantas Bugarin |
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Resumo Expandido | Ao surgir, o cinema era visto como um lazer destituído de relevância cultural (BENJAMIN, 1985). Porém, percebeu-se seu potencial, por desenvolver, em pouco tempo, uma linguagem própria e mais abrangente do que qualquer outra forma de arte, e apresentar uma dimensão, até então, não alcançada: a capacidade da percepção do espectador diante da forma da criação artística e sua sensação de imersão. Defende-se o cinema como fonte de exposição de imagens, no ensino de arte, por unir entretenimento à percepção crítica na leitura visual. A representação da pintura em um filme resulta na hibridez de elementos pictóricos e fílmicos. No cinema animado, os elementos pictóricos são percebidos de forma que estimula-se o desenvolvimento de um senso estético em relação às manifestações artísticas. Devido a um potencial lúdico, “os desenhos animados se apresentam como uma grande referência simbólica na vida da maior parte das crianças, estimulando sua imaginação” (BARBOSA; GOMES, 2011, p. 16659). A animação é livre para dar vida a qualquer coisa. “(...) é o processo de dar alma, dar vida a desenhos e seres inanimados. (...) É o desejo de dar movimento às representações visuais, aproximando-as daquilo que percebemos no mundo à nossa volta” (MARTINS, 2009, p. 109). A partir do contato dos alunos com uma diversidade de técnicas e estilos, aborda-se a importância da subjetividade da percepção sensível na criação artística. Aspectos narrativos e estéticos de animações podem estimular nos alunos o potencial da expressão artística, de forma pessoal e menos comedida. Dentre as possibilidades pedagógicas das animações, cita-se a percepção de elementos visuais em relação a conceitos artísticos como em “DaliVinCasso” (2014). A animação apresenta o conceito de ruptura artística, de forma lúdica: os personagens simbolizam o choque entre tradição e renovação artísticas. “Os desenhos se tornaram um aliado a mais de apresentação de conteúdo, pois é visto que muitos possuem uma linguagem fácil e interativa” (HOLANDA; BRITO; CUNHA, 2019, p. 2). Cita-se, também, a utilização criativa de cores, ritmos, linhas e formas, de maneira subjetiva e propícia a estimular um “desenvolvimento de sensibilidades e percepções artístico-criativas” (BUGARIN, 2022, p. 630) nos alunos, como em “Blinkity Blank” (1956). O filme apresenta desenhos inspirados na arte abstrata. Aos poucos as formas vão ficando menos abstratas, e mais figurativas e compreensivas, como o processo de dominar uma língua pela criança em desenvolvimento. “Quando os adultos conversavam, (...) eu não conseguia entender as palavras individuais no fluxo rápido das frases. Frases sem fim sem sentido, como uma língua estrangeira” (KLEE, 1992, p. 3). Aponta-se, ainda, a relação da animação à criação livre de amarras técnicas. “Estrela de oito pontas” (1996), mostra como a sensibilidade artística do autor pode subverter convenções narrativas e técnicas instituídas. Nele, Fernando Diniz tomou “liberdades desconhecidas (...) tão opostas aos parâmetros convencionais que chegavam quase a ser temidas e (...) abriu para um desenho com uma narrativa mais livre, sem os grilhões da arte estabelecida como ‘correta’ para a Animação” (BOLSHAW, 2015, p. 117-118). Pondera-se que o cinema de animação é propício ao ensino de arte por permitir que forma e técnica integrem-se de forma criativa. A animação que recria uma pintura por meio das potencialidades das técnicas de animação, pode criar uma obra tão original quanto a pintura que a inspirou. A ideia de “leitura da imagem é construir uma metalinguagem da imagem. Não é falar sobre uma pintura, mas falar a pintura num outro discurso” (BARBOSA, 2005, p. 19). A partir do contato com animações, pode-se estimular nos alunos a liberdade individual artisticamente, com menos amarras, que podem ser produto tanto de um excesso formalista e conteudista da escola, quanto da ausência de representações, imagens e percepções na estrutura social dos alunos (MARQUES, 2018). |
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Bibliografia | BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2005 |